Violência: em 4 h, duas mortes acontecem na Capital

Por volta das 6h, Gisele da Cruz foi assassinada (à esquerda) pelo ex-marido, Alzi da Silva Filho (foto no detalhe) no Jardim São Conrado; no Aero Rancho, às 10 h, suspeito de assalto morre em perseguição policial

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Por volta das 6h, Gisele da Cruz foi assassinada (à esquerda) pelo ex-marido, Alzi da Silva Filho (foto no detalhe) no Jardim São Conrado; no Aero Rancho, às 10 h, suspeito de assalto morre em perseguição policial

Em 4 horas, duas pessoas morrem em Campo Grande. A violência preocupa a comunidade das duas localidades, palco da violência.

O primeiro caso aconteceu por volta das 6 horas na Rua Pampulha no Jardim São Conrado, região do Trevo Imbirussu.

Após quatro separações, em 20 anos de casamento, o açougueiro Alzi da Silva Filho, 44, tentou reatar ontem com a ex-mulher, a balconista Gisele Aparecida da Cruz, 40. Nesta manhã, por volta das 6 horas, ele a assassinou com uma facada no peito. O crime chocou a família.

O segundo caso aconteceu às 10h no Conjunto Aero Rancho, onde durante perseguição policial, um motociclista com aparência de 27 anos morreu vítima de três tiros. Ele morreu na Rua Carlos Drummond. Os bombeiros e a equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram ao local, mas o homem, ainda não identificado pela perícia, não resistiu aos três tiros e morreu na rua.

Assalto

No Aero Rancho, os proprietários da conveniência/açougue na Rua Raquel de Queiroz, José Carlos Vieira, 49, e Rosimeire da Silva Lima, 41, pediram socorro aos policiais militares que estavam no posto da PM, o capitão E.J.O. e soldado R.P.R.

O assaltante armado e com o capacete no rosto, levou R$ 470,00 do comércio. Sem viatura, os PMs pegaram as motocicletas particulares e deram início à perseguição.

Na contra-mão da via residencial, Rua Carlos Drumond, os PMs ‘fecharam’ o suspeito que teria sacado uma das duas armas e mirado contra um dos policiais. Neste instante, o capitão e o soldado atiraram. Os moradores da vizinhança disseram que não viram o momento em que houve o confronto.

“Na hora eu fiquei bastante nervoso, mas agora estou calmo”, disse ao Midimax o capitão Edilson que chegou a chamar os bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas o rapaz morreu no local, explica o capitão da PM.

“Chamamos imediatamente o bombeiro e o Samu que acabaram de sair daqui. Agora, estamos esperando a perícia para poder saber a identificação”.

O suspeito usava uma motocicleta Honda 150 de cor preta, roubada em Coxim, segundo informações da PM. Com ele, uma mochila e dentro dela uma camiseta e duas armas. O outro revólver estava perto do corpo.

Violência doméstica

No São Conrado, ontem, o açougueiro Alzi da Silva Filho, 44, tentou reatar ontem com a ex-mulher, a balconista Gisele Aparecida da Cruz, 40. Um carro de som chamou a atenção da vizinhança da Rua Sargento Jara de Oliveira: uma telemensagem [música romântica, poesia e declarações de amor] do ex-marido foi entregue a Gisele da Cruz. “Ela pegou o microfone e agradeceu dizendo que, com essa pessoa que mandou a telemensagem ela não queria mais voltar e desejava que ele fosse feliz com outra”, relata um familiar.

Essa foi a última tentativa do ex-marido, que, de forma ‘romântica’ tentava convencer Gisele da Cruz a esquecer o passado de surras e violência psicológica, crimes contra a família. Desde a separação, ele mandava recados aos familiares de que a mataria se ela não voltasse. Por medo, a mãe dela, Benedita da Cruz, acompanhava a filha, todos os dias, até o ponto de ônibus.

O crime

Nesta manhã, a vítima seguia a pé, acompanhada da mãe, até a parada, nos fundos da casa onde moram. Gisele da Cruz ia para o trabalho, a panificadora Salomão, na Avenida Afonso Pena.

Perto do ponto de ônibus, o ex apareceu para cumprir o que já havia anunciado. Ele saiu de trás de um escombro, empurrou a ex-sogra, bateu em Gisele e a matou com um golpe de faca. A jovem foi ferida no braço e no tórax.

Ele fugiu em um carro de cor branca que estava parado com alguém à sua espera. Dona Benedita viu tudo e contou à polícia o crime.

Ela tentou salvar a filha, mas foi jogada ao chão. Ouviu Gisele da Cruz implorar socorro. “Mãe, me defende! Tira ele de cima de mim!”, gritava.

Dona Benedita também gritou por ajuda, mas ninguém apareceu, porque era muito cedo. O ex-marido matou a jovem a cerca de 50 metros do ponto de ônibus, e ainda disse para a ex-sogra: “Eu avisei para a senhora”.

A jovem morreu no local. Deixou dois filhos adolescentes e um de 11anos, que estava sob os cuidados da avó paterna. Gisele da Cruz e Silva Filho moraram no Conjunto Oliveira e após a separação, ela mudou-se para a casa da mãe. Ontem, antes de chegar o carro de som com a telemensagem, Gisele e dona Benedita conversavam sobre a situação de violência. A balconista pensava em mudar-se com os filhos para outra cidade, tentar recomeçar longe do ex, por medo. Dona Benedita apoiou e chegou a dizer: ‘Filha, só assim ele ia esquecer de você’.

Os filhos estão revoltados e pedem justiça. Silva Filho está foragido e o corpo de Gisele da Cruz passa por necropsia no Instituto Médico Legal. A partir do meio-dia, ela será velada na Pax União, na Rua Maracaju.

Conteúdos relacionados