Neymar está de volta, com coreografia e tudo. O garoto que nos últimos dias só apareceu como pivô de polêmicas, voltou a fazer o que sabe, e bem: jogar futebol. Com uma excelente atuação, liderou o Santos na goleada sobre o Cruzeiro, por 4 a 1, neste sábado à noite, na Arena Barueri. O atacante participou das jogadas dos três primeiros gols e fez o seu no último lance da partida. O Alvinegro, que jogou parte do segundo tempo com um a menos (Zé Eduardo foi expulso) breca a ascensão da Raposa e volta a sonhar com o título, já que tem 38 pontos na 25ª rodada do Brasileirão, mas com um jogo a menos, na quinta colocação. Os mineiros têm 44 e seguem em terceiro.

O Cruzeiro percebeu logo no início que o caminho era nas costas do lateral-esquerdo Léo, do Santos. Thiago Ribeiro foi jogar por ali e criou boas chances. E o time só não abriu o placar porque o atacante foi fominha, preferiu chutar direto quando o melhor caminho era cruzar em alguns lances.

O Peixe tinha mais posse de bola (53% a 47%), mas apresentava problemas de armação de jogada. O técnico Marcelo Martelotte optou por escalar três atacantes e apenas um meia. Um dos homens de frente era Zé Eduardo, que simplesmente não funcionou. O meia era Marquinhos que, lento, não conseguia dar sequência às jogadas. Tanto que o time alvinegro só criou chances quando o volante Roberto Brum apareceu de surpresa no ataque. Ele deu passes precisos, verdadeiras assistências, para Zé Eduardo e Marcel, que perderam as chances. Neymar, muito recuado, tentando impedir as decidas de Diego Renan, lateral-esquerdo cruzeirense, não conseguiu criar nada. Simplesmente não funcionou.

Embora o volume de jogo do Santos fosse maior, foi o Cruzeiro que criou as melhores chances, sempre com Montillo, que levou vantagem em vários lances sobre Brum e Arouca. Aos 34, Thiago Ribeiro recebeu livre e chutou forte. A bola bateu na trave, nas costas do goleiro Rafael e saiu. A Raposa chegou até a balançar as redes. Aos 36, Farías apareceu livre pela esquerda e marcou. Mas a arbitragem já havia marcado impedimento antes do argentino completar para o gol. Ele acabou levando amarelo. A posição era legal. Mancada da arbitragem. Reclamação do time mineiro.

Neymar voltou para o segundo tempo jogando do jeito que gosta: aberto pelo lado esquerdo. Na primeira vez que recebeu (outro bom passe de Brum), dominou e achou Zé Eduardo na área. O atacante dominou, virou e chutou. Fábio rebateu nos pés de Marcel, que abriu o placar.

O Peixe era melhor e encurralava o Cruzeiro, que não conseguia sequer acertar contra-ataques. Vendo que seu time estava preso, o técnico Cuca mexeu: tirou o volante Fabrício para colocar o meia Roger. O jogo estava nas mãos da equipe santista, quando Zé Eduardo, que já tinha o cartão amarelo por reclamação, acertou o rosto de Diego Renan e acabou expulso.

Aí Cuca foi para o tudo ou nada. Sacou Diego Renan para colocar o atacante Robert. Escancarou sua equipe e deu campo para o Peixe contra-atacar. Martelotte, por sua vez, sacou Marcel e colocou o lateral-esquerdo Alex Sandro jogando pelo meio, fechando espaços. Mesmo com um a menos, o Santos era melhor. Bem posicionado, marcando forte e saindo rápido, o time praiano chegou ao segundo gol aos 24 minutos. Neymar foi derrubado por Edcarlos na meia esquerda. Falta que Marquinhos cobrou na cabeça de Edu Dracena. O capitão só teve o trabalho de desviar para as redes.

O jogo parecia sob controle do Santos, pois o Cruzeiro, desordenado, não conseguia acertar os passes. Mas aos 35, Montillo acertou. Achou Robert na esquerda. O atacante chutou forte, Rafael fez uma grande defesa e a bola sobrou para Thiago Ribeiro encher o pé. Mesmo sem ângulo, ele acertou o alvo e diminuiu.

Mas o gol não serviu para animar os mineiros. Pelo contrário. Bem postado, o Peixe tinha espaços para contra-atacar e matou o jogo com uma pintura, uma obra de arte. Neymar pegou a bola pela esquerda, deu um passe de calcanhar para Alex Sandro. O garoto avançou pela esquerda, deu o drible da vaca no marcador, e, na saída de Fábio, deu um toque de canhota, encobrindo o goleiro.

Faltava o dele. Neymar, que havia participado dos três gols recebeu a bola, agora na direita. Tirou os marcadores para dançar, deixou Caçapa no chão e tocou por baixo de Fábio. Na comemoração, garoto fingiu que estava digitando, como se estivesse no computador. Até as coreografia voltou.