O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, descartou a hipótese de o governo do Estado abandonar a junta interventora da Santa Casa. Em 20 de outubro, o governador André Puccinelli havia declarado que pensava em deixar a junta – composta pelo governo estadual, prefeitura de Campo Grande e Ministério Público – em razão de cobranças sobre uma solução definitiva para o hospital.

“Não passa de um desabafo. Esta questão está superada”, afirmou o prefeito em reunião com a junta administrativa da Santa Casa na tarde desta terça-feira (26). Trad Filho reforçou o compromisso de permanecer na junta interventora até 2013, como determina o acordo firmado com o Ministério Público Estadual.

Na ocasião, foi apresentado ao prefeito um plano de metas da instituição para os próximos anos. O encontro teve a presença de um representante da secretaria estadual de Saúde e da consultoria SPDM.

O projeto de reaparelhamento do hospital supera R$ 44 milhões em investimentos, e abrange reformas do Prontomed e de 15 leitos da unidade coronariana, e a aquisição de equipamentos para todos os andares.

O diretor-presidente da junta administrativa, Jorge Oliveira Martins, também entregou ao prefeito um relatório de atividades executadas e em andamento, como reformas do CTI, farmácia do centro cirúrgico, pintura geral externa, construção do hospital do trauma, entre outras. Além disso, a Santa Casa terá até o fim do ano uma nova central telefônica, recebida por meio de doação.

Nelson Trad Filho disse que encaminhará os projetos da Santa Casa ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para que sejam incluídas na programação do ministério a partir do ano que vem.

A Santa Casa de Campo Grande está sob intervenção do poder público desde 14 de janeiro de 2005. À época, a dívida do hospital era de R$ 57 milhões em valores nominais. De lá para cá, segundo Jorge Martins, foi possível quitar R$ 22 milhões do montante.

Críticas à Santa Casa

O diretor clínico Luiz Alberto Kanamura comentou a exposição na imprensa de algumas observações feitas por sua diretoria ao Conselho Regional de Medicina, sobre problemas internos da Santa Casa. “Apesar de ter sido veiculado na imprensa de uma forma equivocada, não foi em tom de crítica”, disse Kanamura. “Não teve até o momento, de nenhuma das partes, nenhuma quebra de relacionamento entre a junta administrativa e a diretoria clínica”, completou o diretor.

Jorge Martins também defendeu a instituição. “Se tiver que falar mal, fala mal de mim, de um diretor, de um profissional de saúde. Mas não falem mal da Santa Casa”, disse Martins. O problema, segundo ele, está na falta de infraestrutura hospitalar nos municípios do interior – o que ocasiona uma transferência elevada de pacientes para a Capital.