A mobilização popular contra a reforma previdenciária da França, iniciada em começo de setembro, intensificou-se nesta segunda-feira (18), com mais de mil postos de combustíveis desabastecidos no país e a adesão de novos setores, como os caminhoneiros.

Ao mesmo tempo, o conservador presidente Nicolas Sarkozy, que propôs as reformas atualmente em trâmite no Senado, disse que não vai ceder.

“A reforma é essencial, e a França está comprometida em levá-la adiante, assim como nossos colegas alemães fizeram”, disse em entrevista em Deauville.

A União de Importadores Independentes de Petróleo afirma que, dos 4 mil postos da França, 1.500 estão sem combustível.

Os franceses protestam desde o começo de setembro contra a reforma das aposentadorias, que prevê aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima legal para se apostentar e de 65 para 67 a idade para ter direito a aposentadoria integral.

Nos últimos dias, a greve se espalhou para o setor de petróleo, parando as 12 refinarias do país. O governo negou nesta segunda-feira que exista desabastecimento, mas decidiu, em reunião chefiada pelo próprio Sarkozy, criar uma “célula interministerial de crise” para garantir o abastecimento.

A Agência Internacional de Energia (AIE), responsável pelos suprimentos estratégicos de petróleo em países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), disse que a França tem estoques para 98 dias e que o país já começou a usar as reservas emergenciais de 30 dias da indústria.

Os caminhoneiros começaram uma “operação tartaruga” próximo às grandes cidades. Militantes e grevistas bloquearam terminais de transporte e depósitos. A circulação de trens continuava prejudicada.

Estudantes também aderem à manifestação, e houve confrontos após protestos de rua nos subúrbios de Paris, Nantes, Lille, Rouen e Lyon. Pelo menos 196 pessoas foram presas, segundo a polícia.

Nesta terça, deve ocorrer uma jornada nacional de greves e protestos, convocada pelos principais sindicatos -que têm o apoio de 71% da população, segundo pesquisa do instituto CSA divulgada nesta segunda.

A Direção Geral da Aviação Civil prevê para este dia o cancelamento de 50% dos voos em Orly, Paris, e de 30% nos demais aeroportos.

O Senado deve votar a reforma na quarta-feira, mas, por conta das pressões polulares, setores já admitem que a votação poderia ser adiada para o dia seguinte. A nova lei já foi aprovada pela Assembleia Nacional.