Porto de Cargas de Ladário está perto de se tornar realidade

As palestras, debates e conclusões do Seminário “Perspectivas e Desafios do Porto de Cargas de Ladário”, realizado na quinta-feira (07), no 6º Distrito Naval, deixaram clara a necessidade urgente da reativação do terminal. Será útil não só para mover a economia do município, como de todo o Estado, contribuindo para o escoamento da produção mineral, […]

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As palestras, debates e conclusões do Seminário “Perspectivas e Desafios do Porto de Cargas de Ladário”, realizado na quinta-feira (07), no 6º Distrito Naval, deixaram clara a necessidade urgente da reativação do terminal. Será útil não só para mover a economia do município, como de todo o Estado, contribuindo para o escoamento da produção mineral, grãos e líquidos de mercados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia. “Algumas dezenas de milhões de reais deixaram de ser investidos em Ladário após a desativação do porto”, afirmou o prefeito José Antonio Assad e Faria. “Sua reativação trará enormes benefícios ao município, pois teremos mais recursos para a infraestrutura, saúde, educação e emprego”, acrescentou, ao abrir o seminário.

É a hora e a vez de Ladário, porque todos os setores do agronegócio buscam saídas por hidrovia para escoar a produção bruta de minerais, grãos e líquidos, por um preço mais barato do que por rodovias e ferrovias. Quem atesta o fato é a coordenadora geral de Infraestrutura Rural e Logística de Produção do Ministério da Agricultura, Maria Auxiliadora Domingues de Souza, ao fazer um pedido enfático para a reabertura do Terminal de Cargas de Ladário. “Juntos, 30 municípios de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso produzem mais de 2,3 milhões de toneladas de grãos por ano, e não temos terminais suficientes para escoar nossa produção”, afirmou. “E se não temos logística, o produto encarece e o produtor se retira da atividade. Este é um grande gargalo da produção brasileira”, acrescentou.

Elimara Picoli, chefe do Setor Aduaneiro da Receita Federal, responsável pelo alfandegamento dos portos, vê com otimismo a reativação do porto. “O momento político é favorável para Ladário, há uma enorme vontade do prefeito, e isso é importante no processo, porque é preciso ter um planejamento, um estudo de economia.Temos vários pedidos de alfandegamento em andamento, é preciso uma licitação para apontar uma concessionária do porto alfandegado”, analisou, durante sua apresentação, lembrando que o último pedido de alfandegamento foi atendido em 2008 e que a licença demora em média 15 meses.

O engenheiro ladarense Eimair Bottegas Ebeling, analista de infraestrutura da Secretaria Nacional de Política de Transportes, braço do Ministério dos Transportes, revelou que o agronegócio brasileiro busca hoje um equilíbrio na sua matriz de transporte, e para isso está investindo pesado nas hidrovias. “Em investimentos federais nos corredores hidroviários, houve um salto de 13% em 2005 para uma previsão do Governo de 25% para 2011”, afirmou. “E podemos adiantar que Ladário e Porto Murtinho fazem parte da previsão de recursos do PAC 2”, acrescentou.

Serão ao todo R$ 38 milhões de investimentos para os terminais de carga de Ladário e Santo Antônio das Emas (Mato Grosso) entre 2011 e 2014, segundo o analista do Ministério dos Transportes. A dragagem de hidrovias de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso deve consumir mais R$ 62 milhões entre 2011 e 2014. Outros R$ 20 milhões serão investidos no setor depois de 2014. “O Terminal de Cargas de Ladário vai sair”, avisou o analista.

O Porto de Ladário teve seu auge em 1998, quando chegou a embarcar 2 bilhões de toneladas no ano para exportação, desbancando o grande terminal da época, que ficava em Estrela, Rio Grande do Sul. Minério de manganês e grãos, principalmente o milho, eram os produtos básicos da exportação. Depois o porto foi vinculado à Codesp e finalmente à Codemar, quando teve as atividades paralisadas. “Parou por falta de gerenciamento. E todos os equipamentos do terminal, inclusive o sistema elétrico, foram sucateados”, contou o engenheiro Samuel Ricardo Van Der Lan, chefe do Núcleo de Obras da Ahipar.

O professor PHD Nilson Tadeu Ramos Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresentou estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para o porto.

Prefeitura busca recursos para acessos ao terminal

Os acessos são hoje os principais obstáculos para a reativação do Porto de Cargas de Ladário, mas com recursos e bom senso o projeto deve se tornar realidade. “Precisamos asfaltar as vias de acesso ao terminal, as ruas Frei Liberato e Emília Alves, e para isso os recursos devem chegar a R$ 1 milhão”, afirmou o secretário de Fomento ao Desenvolvimento Econômico, Comandante Jorge de Castro, responsável pelas principais articulações com a Marinha, uma das parceiras da Prefeitura no projeto. “Já existe um projeto para pavimentação desse corredor até o terminal”, acrescentou.

Também existe acesso por ferrovia, mas o ramal que liga Ladário a Corumbá foi desativado pela concessionária ALL, que o considerou “superado”, de acordo com Neimar Pasqualin, coordenador regional da ALL. “Mas a ALL está aberta para viabilizar o ramal de Ladário”, ponderou. Após o seminário, um grupo de trabalho foi formado para iniciar o Estudo de Viabilidade de Instalação do Porto de Cargas. Acompanhados por Castro e pelo prefeito José Antonio, técnicos do Ministério dos Transportes, DNIT, Ministério da Agricultura, Ahipar percorreram de carro os principais pontos do terminal nesta quinta-feira.

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