O Poder Público Estadual pode ser denunciado a organismos internacionais por violar os direitos humanos dos adolescentes infratores. A informação é do presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos, Paulo Ângelo, que cita como exemplo a situação dos jovens da Unei Dom Bosco que foram transferidos para a Colônia Penal Agrícola de Campo Grande como também dos agentes que trabalham na unidade. 

Segundo Paulo Ângelo, o CDDH levará a proposta de denúncia ao Conselho Estadual dos Direitos Humanos. Dessa forma, o Poder Público Estadual pode ser denunciado a organismos internacionais de defesa dos Direitos Humanos, como a Unicef e a ONU. 

Paulo Ângelo afirma que há três anos, eles estão denunciando os problemas nas Uneis, principalmente os da Dom Bosco, “Nosso primeiro registro de violação dos direitos humanos dos adolescentes infratores é de março de 2007. A situação da Unei Dom Bosco é grave, o governo vem agindo de forma negligente e agora os representantes vão estudar qual medida extrema vão tomar contra o poder público. Os trabalhadores que estão na Unei correm sérios riscos”, afirma Paulo Ângelo.

O presidente do CDDH afirma também que os menores que estão na Unei são infratores, mas que o Poder Público Estadual os tratam como bandidos adultos.

Segundo ele, os jovens precisam estar estudando, divididos em pavilhões onde haja a separação por tamanho, já que segundo Paulo Ângelo, os adolescentes maiores aproveitam do seu porte para cometer violência sexual contra os franzinos.

“O Estado está brutalizando esses menores na Unei”, afirma Paulo Ângelo.

Agente revela bastidores do comportamento de internos de Unei

Agente que estava de serviço nesta quarta-feira, quando aconteceu motim na Unei Dom Bosco (Unidade Educacional de Internação), que provisoriamente está funcionando na sede da antiga Colônia Penal Agrícola, revelou ao Midiamax alguns comportamentos quase na linha da selvageria que são praticados pelos internos.

Uma das revelações mais chocantes do agente é sobre o comportamento sexual dos internos. Segundo ele, meninos são violentados pelos próprios colegas quase que diariamente. A violência também funciona como uma espécie de “batismo” para os novos internos. “Aqui tem garotos muito pequenos. É triste quando ouvimos os gritos de socorro daqueles que estão sendo abusados. O máximo que um agente pode fazer é dar um grito e pedir para parem, mas quando vira as costas, a sessão continua”.

O agente conta que muitos garotos encaminhados para o local acabam se transformando em verdadeiras feras depois de alguns dias. Muitos que são encaminhados, por exemplo, por pequenos delitos para sustentar o vício, acabam adquirindo um comportamento quase na linha da selvageria.

Imaginem um garoto ainda em formação de personalidade e do próprio corpo. Um heterosexual. Este garoto passando por uma verdadeira sessão deviolência sexual, onde outros internos vão se revesando no ato. Esta é a linha de explicação de um agente da unidade para definir a verdadeira “orgia” criminosa.

Outro relato diz respeito ao desafio diário que policiais militares e agentes penitenciários vivem quando estão de plantão para cuidar dos quase 90 internos. “A gente não pode fazer muita coisa porque até as tonfas, espécie de cacetete, foram retiradas do poder dos agentes. Era uma maneira da gente impor respeito e ninguém nos atacar. Agora, os meninos fazem tudo o que querem”, diz.