As autoridades peruanas planejam resgatar nesta quarta-feira mais 800 turistas ilhados há três dias em Machu Picchu, mais famoso ponto turístico do Peru, depois que fortes chuvas causaram deslizamentos de terra que bloquearam a única ferrovia de acesso ao local. Nesta terça-feira, 475 dos cerca de 2.000 turistas na região foram resgatados. O grupo inclui de cem a 120 brasileiros, segundo o Itamaraty.

Segundo a agência de notícias Associated Press, o grupo de turistas inclui ainda cerca de 400 americanos e 700 argentinos. Há ainda “entre cem e 120” brasileiros –nenhum doente ou ferido–, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores.

O governo de Cuzco confirmou na noite desta terça-feira que a argentina Lucia Ramallo, 23, e o seu guia peruano, Washington Huaraya, morreram em um dos deslizamentos de terra na região turística. A barraca onde os dois dormiam foi levada pela terra, que ainda deixou outros três feridos. Com isso, chega a dez o total de pessoas mortas nos últimos dias no país em decorrência das chuvas, embora ainda não haja números oficiais de vítimas.

Moradores tentam resgatar pertences em povoado na região de Cuzco; mais 800 turistas ilhados serão retirados e dez morreram
O governo e helicópteros privados retiraram 475 turistas nesta terça-feira, segundo o ministro do Turismo, Martin Perez. “Amanhã [esta quarta-feira], se Deus nos ajudar e o tempo permitir, nós conseguiremos tirar entre 700 e 800 turistas em oito horas”, disse Perez.

Os quatro helicópteros americanos, estacionados em Peru para ajudar em ações contra tráfico de drogas e para treinamento policial, atuarão ao lado de outras quatro aeronaves peruanas.

A empresa ferroviária Perurail também alugou dois helicópteros para levar suprimentos e retirar turistas, segundo comunicado da companhia.

“Felizmente, pelo que fui informado pelas autoridades peruanas, não há brasileiros mortos, nem feridos. O que sabemos é que devem existir brasileiros na cidade de Machu Picchu, que fica em uma região de difícil resgate, porém que dispõe de uma infraestrutura mínima, com alguns hotéis”, afirmou o embaixador do Brasil na capital peruana, Lima, Jorge Taunay Filho, em entrevista à Agência Brasil.

O embaixador disse que pediu à Defesa Civil peruana que priorize o resgate dos turistas que estão em Machu Picchu, já que o estoque de água e alimentos é limitado –as aeronaves que trabalham na retirada de pessoas têm ido ao local carregadas de suprimentos.

O Itamaraty enviou ainda à cidade e Cuzco, a mais próxima de Machu Picchu, dois diplomatas que irão reforçar o trabalho do consulado brasileiro.

Os turistas ficaram ilhados nas vilas próximas a Machu Picchu, nas montanhas dos Andes, no domingo (24), quando deslizamentos de terra bloquearam a única ferrovia que liga a região a Cuzco. Muitas pessoas dormiram na estação de trem de Machu Picchu e na praça central depois que as hospedarias lotaram. Os restaurantes aumentaram os preços e a comida ficou escassa.

O porta-voz da cidade, Ruben Baldeon, disse nesta terça-feira que os viajantes “ficaram nervosos e preocupados e alguns estão ficando desesperados”.

Cinco dias de chuvas torrenciais na região de Cuzco destruíram ainda pontes, 250 casas e centenas de acres de plantações. Perurail suspendeu o serviço de trem no domingo.

Alberto Bisbal, diretor de prevenção de desastres da Defesa Civil do Peru, disse que a Perurail e o governo trabalham para retirar as pedras e lama dos trilhos e o serviço pode ser retomado já nesta quarta-feira.

A chuva deu uma trégua na manhã desta terça-feira, mas os meteorologistas indicam que a semana terá chuva leve.