Pecuaristas questionam vacinação flexibilizada contra aftosa na fronteira

A flexibilização na etapa da vacinação contra a febre aftosa na faixa de fronteira de MS gera questionamento entre os pecuaristas que possuem rebanho na Zona de Alta Vigilância (ZAV)

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A flexibilização na etapa da vacinação contra a febre aftosa na faixa de fronteira de MS gera questionamento entre os pecuaristas que possuem rebanho na Zona de Alta Vigilância (ZAV)

Entre os pecuaristas que possuem rebanho na Zona de Alta Vigilância (ZAV), a chamada flexibilização na etapa da vacinação contra a febre aftosa gera questionamentos. O Sindicato Rural de Porto Murtinho já adotou uma postura “anticustos” para os produtores rurais sindicalizados.

O presidente da entidade, Italívio Coelho Neto, explicou que não concorda com o sistema na qual os pecuaristas que têm propriedade dentro da ZAV devem arcar com os custos de profissionais para aplicar a vacina contra febre aftosa, bem como com a compra das doses.

Italívio rebate a “flexibilização” do governo em relação a esta etapa de vacinação, onde animais oriundos da ZAV não precisam mais receber as doses por meio de agulha oficial, ou seja, somente por técnicos da Iagro e com vacina paga pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O entendimento é de que, em algumas fazendas, o proprietário tem a liberdade de fazer a aplicação da vacina contra a febre aftosa com médico veterinário com curso e cadastro na Iagro e ainda bancar o custo. “Estamos orientando os produtores para não assumirem esta responsabilidade. Que deixem isto para o Estado, afinal a sanidade animal é uma preocupação nacional”, diz Italívio.

Ao citar como “problema nacional” a questão da aftosa, Italívio Coelho relembra episódios de focos da doença em Mato Grosso do Sul. Novas ocorrências poderiam causar a MS a perda do status de livre de aftosa com vacinação, o que o impede de exportar carne e, por conseqüência, afeta o comércio internacional brasileiro.

Sem liberação em Corumbá

O prazo para que a vacinação desta etapa termine é 30 de novembro e, segundo presidentes de sindicatos rurais, o processo ainda é considerado lento. Em Corumbá, por exemplo, o presidente do sindicato Raphael Domingos Lombardi Kassar afirma que não foram liberadas vacinas nem profissionais para o processo de agulha oficial.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou à reportagem que neste ano houve um repasse menor de vacinas para Mato Grosso do Sul por conta do período eleitoral e, com isto, os convênio ficam parados. Porém, ainda segundo o MAPA, logo após o pleito (sem mencionar ao certo o dia), as doses foram repassadas normalmente.

Houve denúncias de que vacinas estariam encalhadas nos escritórios da Iagro por falta de técnicos oficiais para a aplicação. Após a veiculação de reportagem sobre o fato, profissionais foram convocados em regime de urgência para fazer o trabalho na ZAV. Na oportunidade, a assessoria de imprensa do Governo do Estado prometeu que seria emitido comunicado oficial sobre o atraso.

Porém, apenas está sendo veiculado um informe publicitário em emissoras de TV rebatendo os questionamentos, sem resposta oficial à reportagem.

ZAV

A Zona de Alta Vigilância foi implantada em fevereiro de 2008, por recomendação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, sigla em inglês), para reduzir os riscos de difusão do vírus da febre aftosa entre Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. Em Mato Grosso do Sul, a zona abrange fazendas nos municípios de Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas, Japorã e Mundo Novo, onde as ações de vigilância veterinária são reforçadas.

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