Pai reclama de adoção de conto ‘erótico’ em aula

Um livro de contos utilizado em Jundiaí, no interior de São Paulo, por estudantes do ensino médio da rede estadual tem causado polêmica em razão de passagens consideradas eróticas. Alguns pais querem até que o livro “Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, que contém textos de autores como Machado de Assis, Clarice Lispector e Mário […]

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Um livro de contos utilizado em Jundiaí, no interior de São Paulo, por estudantes do ensino médio da rede estadual tem causado polêmica em razão de passagens consideradas eróticas. Alguns pais querem até que o livro “Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, que contém textos de autores como Machado de Assis, Clarice Lispector e Mário de Andrade, seja recolhido das salas de aula.

O conto “Obscenidades Para Uma Dona de Casa”, de Ignácio de Loyola Brandão, narra a história de uma mulher que recebe cartas de um desconhecido. As cartas descrevem detalhadamente momentos de atos sexuais. O problema, segundo os pais, são as palavras usadas para descrever esses atos.

Gilberto Aparecido da Rosa, pai de duas adolescentes gêmeas de 17 anos, recorreu ao Ministério Público. Para ele, o conto é inapropriado para os estudantes. “Eu acho que essa linguagem é muito chula para os padrões acadêmicos. Acho que os jovens não mereceriam receber uma linguagem dessa dentro das escolas”, diz Rosa.

As adolescentes dizem ter ficado constrangidas com as situações criadas em sala de aula por conta desse conto. “Já tem o tipo de brincadeira que é normal de jovens. Eles começam a brincar com esse tipo de coisa. E ainda mais se a escola entrega um material desses, é a mesma coisa que dar liberdade para eles começarem a brincar”, diz a garota Juliana da Rosa.

O professor e escritor Douglas Tufano afirma que o conto faz parte da literatura brasileira indicada para vestibulares e não vê problemas na leitura, mas acredita que, para evitar confusão, deve haver a intermediação dos professores. “É preciso que eles façam um trabalho preparatório, conversem, expliquem. Caso contrário, os alunos que ainda são imaturos em relação à literatura podem levar a leitura para outros campos”, comenta Tufano.

Para o psicólogo Eduardo Menga, não há problemas nesse tipo de abordagem que trata da sexualidade. “Como o livro já está inserido na rede [de ensino], o melhor nessa situação é, por mais que possam existir resistências, encarar e olhar para isso da forma mais natural possível.”

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informa que o livro foi considerado por educadores e críticos adequado para alunos da rede privada e, por isso, também pode ser usado por alunos da rede pública. Ainda segundo a nota, o livro foi analisado e aprovado por uma comissão de professores de diversas universidades. O Ministério Público deve analisar o pedido em cinco dias.

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