O Programa Mundial de Alimentação da ONU (WFP, na sigla em inglês) começou, neste domingo, uma grande operação de distribuição de alimentos para suprir cerca de 2 milhões de pessoas em Porto Príncipe, capital do Haiti.

A operação está sendo concentrada em 16 centros de distribuição fixos na capital, onde apenas as mulheres têm autorização de entrar.

Cada família tem a retirar 25 kg de rações de arroz, programadas para durar duas semanas. Os cupons que são trocados por alimentos foram distribuídos no sábado.

Segundo o WFP, experiências anteriores em outras grandes catástrofes mostraram que entregar a ajuda às mulheres é a melhor maneira de garantir que os alimentos cheguem às pessoas necessitadas.

Mas enviados especiais da BBC a Porto Príncipe dizem que a decisão pode ter sido tomada por causa do mau comportamento de homens nas filas para coleta de alimentos desde o terremoto que atingiu o país, no dia 12 de janeiro.

O WFP está incentivando os homens a acompanhar as mulheres e esperar do lado de fora dos centros de distribuição, para tentar evitar que elas sejam vítimas de ataques.

A organização disse que está trabalhando junto com autoridades locais para assegurar que homens com necessidades especiais também sejam atendidos.

Estabilidade

Segundo a a diretora-executiva da WFP, Josette Sheeran, o novo esquema de distribuição de alimentos vai contribuir para uma maior estabilidade em Porto Príncipe, devastada por um terremoto há cerca de três semanas.

“Até agora, a natureza desta emergência nos havia forçado a trabalhar de uma maneira rápida e suja simplesmente para começar a distribuição imediata”, explicou.

“O novo sistema nos permitirá garantir a assistência alimentar a mais gente, e mais rapidamente, através de uma rede robusta de centros de distribuição.

O WFP diz ter conseguido fazer chegar mais de 16 milhões de refeições a 600 mil pessoas desde o terremoto, em meio a grandes problemas de logística causados pela destruição da infra-estrutura do Haiti.

Na sexta-feira, o chefe interino da missão da ONU no Haiti, Edmond Mulet, afirmou que os esforços de reconstrução do país depois do terremoto vão levar várias décadas.

“Acredito que serão necessárias muitas décadas, em vez de apenas dez anos, este foi um enorme retrocesso no desenvolvimento do Haiti. Não vamos começar do zero, vamos começar abaixo do zero”, afirmou Mulet em entrevista à BBC.

Até 200 mil pessoas morreram no tremor que atingiu o país. Cerca de 1,5 milhão de pessoas perderam suas casas.