A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nessa sexta-feira (17) que montou um comitê independente para investigar a origem da epidemia de cólera no Haiti, em meio a acusações de que tropas de paz da entidade teriam levado a doença do Sul da Ásia para a nação caribenha.

A ONU tem negado as acusações, que serviram de estopim para manifestações populares contra as tropas das Nações Unidas.

Mais de 2 mil pessoas morreram e quase 100 mil foram infectadas pelo cólera no Haiti desde o início da epidemia, em outubro.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que uma investigação é necessária para “descobrir as respostas que o povo do Haiti merece”.

“Há várias teorias para as origens da epidemia. Nem todos os relatórios chegaram às mesmas conclusões”, disse o secretário-geral.

“Restam perguntas justas e preocupações legítimas, que requerem as melhores respostas que a ciência puder oferecer”, acrescentou. Segundo o secretário, o comitê será “completamente independente” e terá acesso a dados da ONU.

Soldados nepaleses da ONU se tornaram objeto de suspeitas no Haiti, em parte porque o cólera é muito raro no país caribenho, mas endêmico no Nepal.

Em novembro, o centro americano para controle de doenças identificou que o tipo de cólera que está afetando os haitianos tem semelhanças com a variação sul-asiática da doença.

Um estudo do epidemiologista Renaud Piarroux, para os governos francês e haitiano, também sugeriu que a doença foi importada do sul da Ásia.

Mas Ban Ki-Moon alega que relatórios preliminares da ONU sugerem que os soldados nepaleses não têm responsabilidade no caso.

O Exército do Nepal também negou a acusação, mas admitiu que seus soldados não fizeram testes de cólera antes de embarcar ao Haiti.

Estimativas apontam que 650 mil haitianos podem se infectar nos próximos seis meses.