Número de mortos após erupção de vulcão sobe a 13 na Indonésia

O vulcão Merapi, um dos mais ativos e perigosos do mundo, entrou em erupção nesta terça-feira (26) na Ilha de Java, na Indonésia, deixando pelo menos 13 mortos – entre eles um bebê de três meses – no dia seguinte a uma ordem de retirada de pelo menos 19 mil moradores que viviam em redor […]

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O vulcão Merapi, um dos mais ativos e perigosos do mundo, entrou em erupção nesta terça-feira (26) na Ilha de Java, na Indonésia, deixando pelo menos 13 mortos – entre eles um bebê de três meses – no dia seguinte a uma ordem de retirada de pelo menos 19 mil moradores que viviam em redor dele, anunciaram as autoridades.

O país também foi alvo nesta terça-feira de um tsunami que deixou mais de cem mortos em ilhas na região de Sumatra, elevando o total de mortos a mais de 120.

A explosão do Merapi, de 2.914 m, foi registrada ao crepúsculo, provocando cenas de pânico em suas escarpas muito habitadas.

“Ouvimos três explosões, às 18h (9h do horário brasileiro de verão), seguidas pelo lançamento de cinzas a 1,5 km de altitude e da formação de nuvens de vapor em torno” do vulcão, declarou à AFP Surono, encarregado da vigilância vulcanológica na Indonésia.

Não foi possível salvar um bebê que “apresentava sérias dificuldades respiratórias, após ter inalado poeira vulcânica”, declarou um médico a uma televisão local. Depois da morte do bebê, mais 12 corpos foram achados.

O número de mortos e afetados pode aumentar ainda nesta quarta-feira porque “há provavelmente pessoas presas na face sul do vulcão. O caminho de acesso está bloqueado por árvores que caíram com a erupção”, declarou um socorrista que levava uma mulher com queimaduras severas a um hospital de Yogjacarta.

O Merapi está situado bem no meio de uma região extremamente habitada no centro da Ilha de Java. Mais de um milhão de pessoas vivem sob a ameaça de uma explosão do domo de lava, de nuvens incandescentes e lahars (avalanches de lodo formados pela fluidificação de materiais vulcânicos saturados de água, comportando-se como um fluido viscoso).

As autoridades haviam aumentado ao máximo, na segunda-feira, o nível de alerta ante o risco de erupção iminente.

Milhares de pessoas que vivem num raio de 10 km em torno da cratera respeitaram a ordem de retirada, principalmente mulheres, crianças e idosos, acolhidos em centros comunitários ou barracas. Muitos homens, fazendeiros na maior parte, retornaram as casas ou se recusaram a deixá-las, para tratar de seus animais e plantações – as terras do Merapi são extremamente férteis.

Sukamto, 50 anos, é um deles: coloquei minha família ao abrigo, mas tive que voltar para casa para alimentar o gado. “Posso vigiar daqui o cume do Merapi, a cerca de oito quilômetros”, explicou à AFP.

A população está habituada às cóleras do Merapi que entra em erupção num período de entre 4 a 5 anos; 68 erupções foram registradas desde a metade do século XVI, das quais algumas devastadoras, como em 1930 (1.400 mortos) e 1994 (60 mortos).

A última remonta a junho de 2006.

A nova erupção “é certamente mais importante que a de 2006”, estimou Surono. “Ela liberou nuvens de cinzas durante duas horas. Não podemos determinar se continua a expeli-las, porque está de noite”.

A erupção de 2006 aconteceu alguns dias após o sismo de 27 de maio de 2006, de magnitude de 6,3 na escala Richter que atingiu a cidade de Yogjacarta e seus arredores e fez 5.800 mortos.

Devido aos riscos, o Merapi é o vulcão mais vigiado da Indonésia, com sua atividade acompanhada permanentemente por sismógrafos que estudam os movimentos provocados notadamente pela subida do magma.

Especialistas franceses participam dessa vigilância. “Devido a frequentes erupções, o Merapi é um fabuloso laboratório a céu aberto, onde testamos novos equipamentos e procedimentos inéditos”, informa o geofísico Jean-Paul Toutain.

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