“Nasci outra vez”, diz jovem que sobreviveu a ataque de onça

O estudante João Vitor Brás, 16 anos, recebeu alta nesta semana do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Ele ficou internado por quase um mês desde que foi atacado por uma onça às margens do Rio Paraguai, no dia 14 de julho, no Pantanal, em Mato Grosso. “Eu nasci outra vez”, disse o jovem após […]

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O estudante João Vitor Brás, 16 anos, recebeu alta nesta semana do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Ele ficou internado por quase um mês desde que foi atacado por uma onça às margens do Rio Paraguai, no dia 14 de julho, no Pantanal, em Mato Grosso. “Eu nasci outra vez”, disse o jovem após sobreviver ao ataque.

Ainda em recuperação dos ferimentos, o jovem relembrou os momentos do ataque. Vitor foi arrastado pelo animal para a água e só foi salvo por causa da agilidade de um guia de pesca e também do primo Gustavo Sette Câmara, que bateram na onça e rapidamente o tiraram da água.

“Eu lembro que a gente estava pescando e ouvimos alguns barulhos num barranco que estava a uns 3 m da gente. Eram como se fosse alguma coisa pisando nos galhos secos. O guia pediu para eu olhar o que era, mas não vimos nada”, disse João. “A gente já estava indo embora. Eu estava com medo. Eu me virei e foi quando a onça me atacou. Senti ela pegando minhas costas. Depois disso só lembro a chegada no outro barco, dos primeiros socorros e da chegada ao hospital”, afirmou ele.

O primo do adolescente disse que a onça provavelmente rondou o local onde eles estavam a noite toda. “Estávamos pescando e escutamos alguns barulhos, e ele (João) olhou o mato para ver se achava alguma coisa. Ele iluminou com uma lanterna e não vimos nada. Quando ele virou, estava com medo, a gente já ia sair, ela pulou nas costas dele, a reação que eu tive foi pular para longe dela”, afirmou Gustavo.

Para expulsar o felino, o guia que acompanhava o grupo pegou uma barra de ferro que estava no barco e rapidamente o golpeou. A onça, provavelmente ferida, voltou para o barranco. “Quando a gente viu, os dois já estavam na água e, por sorte, quando emergiu, estava na frente do guia, que acertou a onça”, disse o primo de João. “Eu olhei e não vi nada. Achei que não iria mais ver meu primo. A sorte é que a onça emergiu na frente do guia e ele a golpeou. Quando colocamos o João no barco, eu senti um alívio. Ele estava muito ferido”, afirmou Gustavo.

João Vítor foi levado para o barco onde a família dele e um médico, que também estava na embarcação próxima, cuidaram dos ferimentos. “Depois disso a gente só teve sorte. O animal soltar o meu primo, o barco ser rápido, o socorro do médico que estava em uma chalana (embarcação) perto do que nossa família estava, o neurocirurgião que operou meu primo é muito bom. A boa estrutura do hospital da cidade, acho que isso tudo ajudou a salvar a vida do João”, disse o primo.

O estudante foi submetido a uma cirurgia na cabeça no Hospital São Luis, na cidade de Cáceres, no Mato Grosso. “Depois que cheguei ao hospital, eu não lembro mais nada por causa da anestesia. Mas me assustei quando me falaram que tiveram que tirar um pedaço do meu crânio. Eu nasci outra vez. Por sorte a onça não tinha apoio para me levar até a margem”, afirmou João.

Mesmo depois do que aconteceu, o estudante disse que pretende voltar ao Pantanal. “Eu só faço um alerta. As pessoas têm que tomar cuidado e não pescar muito perto das margens. E eu não tenho medo de voltar ao Pantanal. Só vou ficar mais longe da margem da próxima vez”, disse João.

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