Mais de 200 pessoas morreram no Haiti como consequência de uma de cólera declarada no país, anunciou neste sábado o diretor-geral do ministério da Saúde, Gabriel Thimoté. O alto funcionário disse em uma coletiva de imprensa que foram registradas “mais de 208 mortes”, das quais 194 ocorreram no departamento de Artibonite (norte) e 14 no centro do país. Cerca de 3 mil pessoas estão internadas em hospitais e centros de saúde, que muitas vezes se veem sobrecarregados pela falta de infraestrutura, segundo números fornecidos neste sábado (23) por autoridades sanitárias haitianas. “A situação está sob controle, a população não deve entrar em pânico, é necessário, pelo contrário, respeitar as medidas de higiene”, recomendou o médico Jocelyne Pierre-Louis, funcionário do Ministério da Saúde.

Risco à capital

O governo e parceiros se esforçam para evitar que o cólera atinja a capital do Haiti, Porto Príncipe, com 1,3 milhão de habitantes e ainda afetada pelo terromoto que matou 300 mil pessoas no país em janeiro de 2010. Nas ruas da capital, o medo de contágio é grande, devido a campos com pessoas, superlotados, em praças, ruas, parques e até em campos de golfe da cidade, que apresenta problemas de infraestrutura. O cólera pode matar em apenas poucas horas, devido à desidratação que acarreta no organismo. Transmitida por água e comida, a doença pode ser aliviada com o consumo de água tratada, com um pouco de sal e açúcar. O ministro da Saúde do Haiti, Alex Larsen, orienta a população a lavar as mãos com água e sabão, evitar vegetais crus, ferver toda comida e evitar banhos em rios.

O rio Artibonite, que irriga o centro do país, está contaminado, segundo especialistas. O porta-voz da ajuda humanitária da ONU, Imogen Wall, afirma que o Haiti possui antibióticos suficientes para tratar 100 mil casos de cólera e fluidos intravenosos para 30 mil pessoas. Vizinho em alerta As autoridades da República Dominicana reforçaram as medidas de precaução e vigilância epidemiológica na fronteira devido ao surto de cólera no vizinho Haiti. O ministro da Saúde Pública, Bautista Rojas Gómez, afirmou que a situação está “sob controle” e que está preparando os postos de saúde localizados ao longo da fronteira com médico

s especializados, insumos, medicamentos e uma campanha de educação à população. A Organização Pan-Americana da Saúde alertou as autoridades dominicanas para que adotem medidas de prevenção frente à possibilidade de que o surto de cólera detectado no Haiti se espalhe para o território vizinho. Embora Rojas lembrou que o cólera não se transmite de pessoa para pessoa, disse que as medidas de controle deverão ser severas, já que o contágio se dá por contaminação da água e de alimentos. Na República Dominicana mora um milhão de haitianos, a maioria em situação ilegal, e ambos os países mantêm tráfego permanente na fronteira comum.