Geraldo Cardoso, levou três tiros ao tentar impedir um assalto no bar frequentado por ele; moradores disseram que violência envolvendo adolescente virou uma espécie de rotina no bairro
Morte de dono de pet shop é só ‘mais um caso’ de violência, afirmam moradores

Dono de um pet shop, Geraldo Cardoso, 63, seguia uma rotina de 25 anos: fechava a empresa por volta das 18 horas e ia até o bar do Ceará, no Conjunto Moreninhas, onde encontrava os amigos. Ontem, contudo, o costume do micro-empresário foi quebrado para sempre por uma ação também rotineira para os moradores do bairro: a violência. Cardoso morreu após ser atingido por três tiros disparados por rapazes que assaltavam o bar.

Geraldo Cardoso foi morto por volta das 21h30 minutos. Três adolescentes, armados, com idades de 16 a 18 anos, entraram no bar e quiseram roubar o dinheiro do caixa. Mas o dono do estabelecimento, Raimundo Nunes, de 65 anos, e o colega Cardoso, tentaram impedir a ação dos criminosos.

Um dos invasores sacou a arma e disparou contra os dois. O microempresário levou dois na cabeça e um no peito. Caiu morto no local. Já o dono do bar ficou ferido sem gravidade no braço. Os rapazes fugiram e até o fim da manhã de hoje não havia sido detidos.

Geraldo Cardoso era desquitado e morava perto do bar com duas filhas: Helen, de 25 anos e Daniele, 28. As duas estavam inconsoladas.

“O que aconteceu com meu pai é um reflexo do que acontece sempre aqui: adolescentes envolvidos com drogas e assaltos”, disse Helen.

O radialista aposentado Abadio Fernandes, 81, 30 dos quais morador do conjunto Moreninhas e quase duas décadas companheiro de Cardoso, repetiu a opinião da filha da vítima: “violência aqui sempre existiu e ninguém está livre disso, ele [microempresário], por exemplo, era um trabalhador e pai de família. Acabou da violência”, disse Fernandes.

Ademar Domingos, 42, freqüentador do bar do Ceará, há 20 anos conhecido de Cardoso, disse que “hoje em dia”, nem a presença de policiais na região “intimida” os criminosos.

O pedreiro Devanir Rodrigues, 41, também colega do microempresário, disse desde que mudou-se para o bairro, vê casos de violência envolvendo adolescentes. “E não adianta nada prender o culpados, eles são detidos e três anos depois estão de volta ao crime”, protestou o morador.