A campanha presidencial da senadora Marina Silva (PV-AC) não contará com a figura de um marqueteiro. A decisão é da própria ex-ministra e do comando do partido.

A alegação é que a imagem de Marina não precisa ser moldada nem maquiada. Para a equipe da ex-ministra do Meio Ambiente, o forte da campanha eleitoral será, sem moldes, o olho no olho com os eleitores, explorando a origem humilde e a história de vida da candidata.

A partir de julho, quando começa oficialmente a campanha, a ideia do PV se limita a contratar uma empresa que cuide da direção de arte dos programas de TV e escalar assessores específicos para palpitar sobre imagem, figurino e tom de voz da candidata.

“A gente não terá a figura de um marqueteiro, até porque a gente não acha que a imagem da Marina deva ser transformada ou vendida como um produto”, afirma o vereador carioca Alfredo Sirkis (PV), um dos coordenadores da campanha.

“Isso [dispensa de um marqueteiro] não é uma decisão inocente nem surgiu pela falta de recursos. O mais forte que temos é o olho no olho da Marina com as pessoas”, completa.

Outra justificativa do PV para descartar a contratação de um publicitário vai na linha segundo a qual a senadora acriana não decola nas pesquisas de intenção de voto por ser desconhecida pela população, e não pela taxa de rejeição.

Segundo recente pesquisa Datafolha, do final do mês passado, só 56% dos brasileiros sabem quem é Marina, ante 86% de Dilma Rousseff (PT) e 96% de José Serra (PSDB). Entre os entrevistados que declararam saber quem ela é, 30% a conhecem “de ouvir falar” e 19% “só conhecem um pouco”.

Rejeição

Por outro lado, segundo o mesmo levantamento, a taxa de rejeição da pré-candidata do PV é de 19%, contra 23% de Dilma e 25% de Serra.

Para torná-la mais conhecida, o comando de campanha tem encaixado a senadora em eventos Brasil afora. Com base em pesquisas, tem focado as agendas nas classes populares e no público feminino –nesta semana, por exemplo, deve se encontrar com trabalhadoras rurais, em Araraquara (SP).

Para preservar a imagem da ex-ministra, o PV tem adotado um estilo cauteloso nas discussões de alianças para a eleição. O partido disse “não” a algumas legendas nanicas que o sondaram por um apoio formal.

A avaliação é que essas siglas (conhecidas como legendas de aluguel) somariam pouco ao tempo de TV e, por outro lado, vinculariam a ex-ministra a grupos que pouco têm a ver com sua trajetória política.

O PV deve mesmo caminhar sozinho nas eleições. Sem os nanicos, também não conseguiu atrair outros partidos, como PPS (com o PSDB) e PDT (com Dilma), além de ter deixado de lado as negociações com o PSOL