Manifestantes ocupam centro contra corruptos e exigem que suspeitos deixem cargos; veja vídeo
As ruas do centro de Campo Grande foram tomadas nesta manhã por uma passeata que exigiu apuração das declarações deputado estadual e primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Ary Rigo (PSDB). Em vídeo, gravado sem que ele soubesse, o parlamentar detalha suposto esquema de partilha de dinheiro público entre os membros dos três poderes e envolve diretamente […]
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As ruas do centro de Campo Grande foram tomadas nesta manhã por uma passeata que exigiu apuração das declarações deputado estadual e primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Ary Rigo (PSDB). Em vídeo, gravado sem que ele soubesse, o parlamentar detalha suposto esquema de partilha de dinheiro público entre os membros dos três poderes e envolve diretamente o governador André Puccinelli (PMDB) a quem teria repassado R$ 2 milhões.
Cerca de 800 pessoas acompanharam a manifesto que pediu que autoridades colocadas em suspeição deixem os cargos. Além de sindicalistas e representantes de movimentos sociais que se uniram no Fórum Estadual de Combate à Corrupção, acadêmicos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) também se incorporaram à caminhada. Contudo, desde a concentração, na Praça Ary Coelho, os estudantes universitários destacaram que o envolvimento deles era apartidário. Veja o vídeo:
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“Não somos contra A ou B. Somos contra a corrupção. Talvez eu acabe votando nulo. Está explícito que está tudo errado”, disse o acadêmico de mecatrônica da UCDB, Gabriel Torrecilha, 19 anos.
Os manifestantes percorreram as ruas 14 de julho, Cândido Mariano e 13 de Maio retornando para a praça. No percurso, representantes de entidades sindicais chamaram a atenção da população da Capital para as denúncias usando um carro de som.
“Queremos que as denúncias sejam investigadas. O deputado Ary Rigo envolveu o Ministério Público, o Poder Executivo e Legislativo. Isso é muito grave”, disse a educadora Joana da Silva, ligada à Fetems (Federação dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul).
Outra educadora, Ildonei de Lima, secretária-adjunta da Fetems, destacou que a sociedade organizada está com vergonha do escândalo e quer explicações. “Por isso, nós viemos colocar a nossa cara na rua. Nós somos contra deputado que rouba”, bradou. Já Cássio do Nascimento, vice-presidente do Sintss (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Seguridade Social) cobrou participação da sociedade no movimento contra a corrupção. “Cadê quem deveria investigar? Está no bolso do Puccinelli? Temos que tirar estes abutres do poder”, disse.
O presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza, Paulo Ângelo, disse que “Rigo entregou toda a quadrilha”. Mencionou a necessidade de “varrer a Assembleia” e também defendeu o afastamento de autoridades suspeitas dos cargos. Amanhã, os movimentos sociais voltam à Assembleia para cobrar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A sessão começa por volta das 9 horas.
Acadêmicos
Entre os acadêmicos que participaram da caminhada hoje, o sentimento é de revolta. A estudante do curso de Ciências Sociais da UFMS, Tânia Milene Nugoli, 30 anos, avalia que os acadêmicos começaram a se mobilizar na sexta-feira passada. “Não podíamos ficar alheios a tudo o que está acontecendo. Tínhamos que mostrar a nossa indignação com o que está acontecendo”, diz.
Os estudantes confirmaram a existência da inclinação pelo voto nulo. “A tendência é votar nulo. Porque neste caso, parece que não há solução. Parece que estão todos envolvidos”, lamenta o estudante de jornalismo da UFMS, Rafael de Abreu, 21 anos. Ele e os demais acadêmicos querem investigação e esclarecimentos dos fatos apresentados por Rigo.
População
Quem assistia a manifestação recebeu panfletos distribuídos pelos sindicalistas e representantes de movimentos sociais. “É importante a mobilização. Se eu não estivesse cheio de trabalho, com certeza estaria ali também”, diz o comerciante Edson Rodrigues, 57 anos.
O advogado Fernando Marin, 82 anos, tem outra opinião. “É difícil acabar com a roubalheira no regime democrático. Na época da ditadura tinha corrupção, mas não como agora. Traficante não tinha vez e os hospitais, por exemplo, funcionavam melhor. A ditadura descrita na mídia e nos livros não é a verdadeira”, disse.
Já o operador de caixa, Alfredo Mendonça, 47 anos, deu total apoio aos manifestantes. “Tem mais é que mobilizar mesmo. Todos têm que saber que queremos tirar estes corruptos de lá”, menciona o trabalhador.
Segurança
O tenente Muzili que comandou os policiais militares que deram segurança à caminhada, disse que o evento transcorreu com tranqüilidade, sem qualquer incidente e nem transtornos ao trânsito da Capital.
O escândalo
Durante entrevista coletiva, na semana passada, Rigo negou partilha de dinheiro irregular. Ele afirma que estava se referindo às diferenças cortadas do duodécimo, valor constitucional repassado aos poderes. Porém, não esclareceu o que quis dizer, por exemplo, com “cortou tudo”, na verdade, uma referência à Lei da Transparência que estaria dificultando a devolução das verbas.
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