Ao participar de uma extensa carreata em Belo Horizonte ao lado da presidenciável petista Dilma Rousseff o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou ontem o discurso contra as elites. Em discurso na praça Sete, na região central da cidade, ponto final da carreata, Lula reclamou do comportamento de moradores do bairro Mangabeira, uma das regiões mais nobres da capital onde teve início o ato e está localizada a residência oficial do governador do Estado, Antonio Anastasia (PSDB).

 “Lá tinha pessoas que faziam assim para nós”, disse Lula para uma plateia de cerca de quatro mil pessoas, segundo a Polícia Militar, repetindo gesto com o polegar para baixo. “Eu diria para vocês que eu fico constrangido porque aquelas pessoas ricas foram as pessoas que mais ganharam dinheiro no meu governo. Aquelas pessoas, na verdade, o que elas não conseguiram superar foi o preconceito”, disse Lula reiterando a oposição entre elite e povo.

Segundo Lula, além do preconceito Dilma enfrenta nas eleições o `medo de que uma mulher venha a ganhar a disputa’. O presidente pediu mobilização e ressaltou que, caso eleita, a petista “será a primeira presidente de Belo Horizonte”. As origens mineiras de Dilma foram insistentemente ressaltadas durante o ato político.

Na carreata, que percorreu bairros da zona Sul até a região central, Dilma foi apresentada pelos locutores oficiais como uma belo-horizontina que poderá chegar à presidência. A candidata fez questão de ressaltar o que chamou de `compromisso sagrado’ com Minas Gerais. “Se Deus quiser, eu vou ser a primeira mineira presidente do Brasil”, discursou. “Esta terra em que eu vi pela primeira vez a luz da vida. Esta terra que me ensinou o valor da liberdade, da justiça e do desenvolvimento. Esta terra de JK (Juscelino Kubitschek), de Tancredo Neves, de Tiradentes, é uma terra abençoada. Vou honrar essa herança mineira que tenho”.

Antes da carreata, em contato com a imprensa, Dilma classificou como absurdo a declaração do adversário José Serra (PSDB)que acusou o governo Lula de fazer uso político e defender a remodelação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A crítica do tucano foi em referência ao episódio do vazamento de dados pessoais de estudantes inscritos no exame. Dilma rebateu afirmando que o crime cometido contra o Enem está sendo investigado e disse que a crítica de Serra é um ataque indireto ao Programa Universidade para Todos.