No último dia 6 de agosto comemorou-se o centenário de Adoniran Barbosa e para homenagear o compositor hoje (15) será lançado o livro “Trem das Onze – A Poética de Adoniran Barbosa”.

Em mais um exemplo de como manter viva a memória da brasileira, como já havia feito com o livro “O Morro e o Asfalto no Rio de Noel Rosa” (cujo centenário foi celebrado no sábado passado), a Aprazível Edições e Arte publica agora, com belo material de texto, imagens inéditas e um CD, o retrato da cidade e os personagens cantados por Adoniran Barbosa.

O material fotográfico, todo em preto e branco, e coletado no acervo da família do sambista e no Instituto Moreira Salles, como sugere o título do livro é carregado de beleza e poesia. A qualidade dos textos, por mais inglória que fosse a missão, não fica devendo. A editora acertou ao convocar para tal tarefa um especialista, assim como fizera no volume sobre Noel ao encarregar o perito no assunto João Máximo. Desta vez, o tiro certeiro veio das mãos de Celso de Campos Jr., autor de “Adoniran – Uma Biografia”, trabalho mais completo sobre vida e do compositor de Valinhos, nascido João Rubinato.

Concebido por Leonel Kaz e Nigge Loddi, com apresentação de Antonio Candido, o livro consegue costurar dados biográficos e artísticos de Adoniran com a história da cidade que ele tanto cantou e dos anônimos que tanto serviram de inspiração para seus sambas em forma de crônica social. Eram figuras como Iracema, Arnesto, trabalhadores da construção civil, o pipoqueiro do circo, o dono do botequim, o vendedor de frutas na rua, entre tantos outros tipos. “Hoje em dia a gente não vê esses ensaios abordando a cidade. Nessa obra, você vê São Paulo crescendo, os prédios em construção, sem deixar de focar o cotidiano, com os anônimos que enriqueceram a obra do Adoniran”, diz Campos Jr.

O autor, que parecia ter esgotado todo o assunto na biografia de Adoniran, conseguiu acrescentar mais informações ao mesmo tempo relevantes e curiosas sobre o compositor por meio de uma linguagem fluente. O livro é divido em seis capítulos que abordam, entre tantas camadas, as oscilações de um Adoniran que pendulava entre a alegria e a tristeza, o bonachão caricato, famoso e sua faceta introspectiva, de reclusão; esclarecimentos e mitos sobre a existência ou não de personagens e lugares citados em temas, como Iracema, Arnesto e o Trem das Onze.