Tráfico tem sido feito por meio do disque droga, um meio de negociar a maconha, por exemplo, em pequenas porções; quando detidos, os suspeitos sustentam que são dependentes e escapam do flagrante

De um lado a polícia trabalha com monitoramentos, campanas, infiltrações e aperfeiçoamento de seus investigadores e patrulheiros. Do outro, os traficantes cada vez mais se especializam para burlar e comercializar entorpecentes, estes que se transformam em verdadeiros cânceres na sociedade. Esse é o raciocínio de autoridades policiais que atuam no combate às drogas aqui em Mato Grosso do Sul.

Os traficantes estão deixando, aos poucos, os pontos de distribuição de entorpecentes, para investir no serviço de disk drogas, ou seja: o usuário liga, faz a encomenda e o produto é entregue rapidamente no local combinado. As motos são o meio mais utilizado pelos “comerciantes da droga”.

O serviço reservado de um batalhão da Polícia Militar na Capital revela que o disk droga se tornou um dos maiores problemas para se combater, pois a pouca quantidade de droga transportada, muitas vezes, pode caracterizar porte para uso próprio. Com isto o verdadeiro trabalho formiguinha ilegal ganha força, pois os traficantes passaram a carregar pouca droga para venda.

A lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 é apontada como um “facilitador” para o crescimento do disk droga uma vez que ela tirou o privativo de liberdade para usuário. Traduzindo, quem for caracterizado como dependente não fica mais preso e, sim, pode receber como “pena” uma advertência sob efeitos da droga; ser obrigado à prestação de serviços à comunidade ou ainda a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. “Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica”, diz a lei assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O delegado titular da Denar (Delegacia Especializada de Repessão ao Narcotráfico), Marcos Takeshita explica que mesmo que o traficante seja flagrado com pouca droga, o que daria a entender que seria para consumo próprio, ainda é possível enquadrá-lo criminalmete. Isto porque o juiz leva em conta fatores que podem apontar sua possível ligação com o mundo crimonoso. É levado em consideração a clase social x quantia, circunstância do fato e ainda seu antecedente criminal.

Aviõezinhos

Exatamente para tentar passar a imagem de usuário para a polícia, os traficantes passaram ainda mais a utilizar menores de idade para o serviço de entrega nos bairros, os chamados aviõezinhos. Eles também carregam porções pequenas e dificilmente são contratados para fazer o serviço de mula (aquele que ganha para transportar carregamento).

Além dos aviõezinhos, os traficante estão investindo em outras frentes como os pontos comerciais de faxada. Neles colocam-se produtos ou serviços à venda, mas, na verdade, o local serve como ponto de distribuição de drogas, confirma Marcos Takeshita.

Outra modalidade para tentar burlar é repassar o produto para profissionais que trabalham na rua como mototaxistas, flanelinhas.

Sobre o tráfico internacional, o delegado Marcos Takeshita revela que os donos da droga estão aperfeiçoando suas táticas para tentar burlar o trabalho da polícia.

Antigamente a maquiagem era mais em embalagens de produtos e atualmente as quadrilhas estão com mecanismos mais apurados. Um exemplo foi um suporte de mala de viagem impregnado com cocaína e uma jaqueta que trazia em seu couro cocaína alojada.