Junta Interventora entrega relatório de auditoria no hospital ao MPE

A Junta Administrativa do Hospital de Corumbá faz nesta sexta-feira,‭ ‬1º de outubro,‭ ‬às‭ ‬14‭ ‬horas,‭ ‬a entrega de documentos referentes à auditoria realizada‭ ‬pela empresa BDO do Brasil Auditores Independentes,‭ ‬ao promotor de Justiça da Cidadania,‭ ‬Ricardo de Melo Alves.‭ ‬É o que informa o presidente da Junta,‭ ‬Lamartine de Figueiredo Costa,‭ ‬alegando que,‭ […]

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A Junta Administrativa do Hospital de Corumbá faz nesta sexta-feira,‭ ‬1º de outubro,‭ ‬às‭ ‬14‭ ‬horas,‭ ‬a entrega de documentos referentes à auditoria realizada‭ ‬pela empresa BDO do Brasil Auditores Independentes,‭ ‬ao promotor de Justiça da Cidadania,‭ ‬Ricardo de Melo Alves.‭ ‬É o que informa o presidente da Junta,‭ ‬Lamartine de Figueiredo Costa,‭ ‬alegando que,‭ ‬de posse do levantamento,‭ ‬o Ministério Público Estadual terá condições de tomar as providências cabíveis quanto às irregularidades encontradas.‭ ‬A auditoria realizada é referente ao ano de‭ ‬2008.‭ ‬A empresa encaminhou dois cadernos contendo todas as informações referentes à gestão do Hospital de Corumbá em‭ ‬2008,‭ ‬inclusive com um parecer assinado pelos diretores da BDO do Brasil,‭ ‬Marcello Palamartchuk e Gilberto de Souza Schlichta,‭ ‬e entregues pelo auditor José Martins.

Segundo a‭ ‬Subsecretaria de Comunicação Institucional,‭ ‬Lamartine não revelou o teor do documento,‭ ‬afirmando que o primeiro passo é encaminhar o relatório ao promotor,‭ ‬atendendo o acordo judicial firmado em maio deste ano entre o Ministério Público,‭ ‬as Prefeituras de Corumbá e Ladário e o Governo do Estado.‭ ‬Destacou no entanto a ausência de documentos,‭ ‬notas fiscais e outras irregularidades verificadas no ano de‭ ‬2008.‭ ‬O presidente da Junta,‭ ‬durante o encontro com representante da empresa de auditoria,‭ ‬solicitou urgência na conclusão de todo o trabalho,‭ ‬visando encaminhar relatórios referentes ao ano de‭ ‬2009‭ ‬e parte de‭ ‬2010‭ ‬ao promotor Ricardo de Melo Alves,‭ ‬para que sejam tomadas todas as providências necessárias.

Um fato que chama a atenção,‭ ‬revelado pela Junta,‭ ‬é que,‭ ‬a dívida do Hospital atinge algo em torno de R$‭ ‬12‭ ‬milhões,‭ ‬sem contar duas transações bancárias‭ (‬empréstimos‭) ‬no ano de‭ ‬2009.‭ ‬A primeira foi em maio,‭ ‬no valor de R$‭ ‬2‭ ‬milhões,‭ ‬e a segunda em dezembro,‭ ‬de R$‭ ‬1‭ ‬milhão.‭

Governo do Estado já havia detectado má gestão hospitalar‭

A Secretaria Estadual de Saúde do Governo do Estado,‭ ‬antes mesmo de ocorrer a intervenção na Santa Casa de Corumbá,‭ ‬em maio,‭ ‬já havia detectado uma série de irregularidades na instituição,‭ ‬conforme levantamento efetuado pelos auditores José Francisco Sampaio Junior,‭ ‬Paulo Filgueiras de Morais e‭ ‬Viviany Garcia Ferreira de Freitas,‭ ‬nos dias‭ ‬21‭ ‬e‭ ‬22‭ ‬de abril de‭ ‬2010.‭ ‬As constatações aconteceram durante uma visita técnica da equipe de auditores,‭ ‬cujo relatório foi encaminhado ao secretário executivo de Saúde Pública da Prefeitura de Corumbá,‭ ‬Lauther‭ ‬da Silva Serra,‭ ‬assinado por Wagner Aparecido da Silva,‭ ‬coordenador Estadual de Controle,‭ ‬Avaliação e Auditoria,‭ ‬e Denise de Oliveira Lusena,‭ ‬gerente de Acompanhamento de Auditorias,‭ ‬ambos da Secretaria Estadual de Saúde.

A equipe constatou,‭ ‬durante o levantamento,‭ ‬que a antiga diretoria da Santa Casa de Corumbá,‭ ‬não conseguia‭ ‬“estabelecer uma gestão hospitalar eficiente‭”‬ e que o relacionamento com o corpo clínico e com a Secretaria Executiva de Saúde Pública de Corumbá estava‭ ‬“desgastado,‭ ‬seja por motivação política,‭ ‬seja por disputa de poder dentro da própria instituição‭”‬.

Além disso,‭ ‬detectou que as enfermarias cirúrgicas não tinham estrutura adequada para receber pacientes no pré,‭ ‬trans e pós-operatório de cirurgia ortopédica e que não havia separação‭ ‬cirúrgica de casos limpos e infectados.‭ ‬

Outra anormalidade foi com relação às precárias condições de higiene da enfermaria cirúrgica,‭ ‬com‭ ‬“gazes,‭ ‬algodão e material usado de curativos,‭ ‬com secreção purulenta e/ou sangue,‭ ‬espalhados pelos quartos e banheiros‭”‬. Constatou também desgastes e ausência de manutenção preventiva da estrutura física‭ (‬parte hidráulica,‭ ‬elétrica,‭ ‬de pintura,‭ ‬entre outras,‭ ‬inclusive com mofo nas paredes.‭ ‬Estrutura física e condições de higiene do centro cirúrgico inadequados para realização de cirurgias da traumato-ortopedia,‭ ‬hoje solucionado,‭ ‬inclusive com a implantação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

Os auditores do Governo do Estado constataram ainda as péssimas condições da Central de Esterilização,‭ ‬bem como material e medicamentos vencidos no centro cirúrgico,‭ ‬em desacordo com as normativas da Vigilância Sanitária,‭ ‬hoje resolvidos pela Junta Administrativa interventora. Outra irregularidade dizia respeito aos plantonistas da clínica médica que não eram remunerados pela escala de plantão do médico,‭ ‬diferente das outras clínicas,‭ ‬fato corrigido pela atual administração.‭ ‬Detectou ainda desrespeito aos prazos definidos pelo Manual do Sistema de Informação Hospitalar para a realização de cirurgias eletivas‭ (‬15‭ ‬dias‭)‬,‭ ‬demonstrando falhas na organização da gestão e da assistência. ‭“‬À luz dos fatos observados,‭ ‬esta equipe concorda que grande parte dos problemas anotados é em decorrência de antigas dificuldades de gestão da unidade hospitalar.‭ ‬Mesmo o gestor local ou mesmo‭ ‬o gestor estadual se prontificando a realizar o pagamento dos plantonistas da clínica médica,‭ ‬mesmo se prontificando a realizar investimentos necessários para equipar e reformar o setor de ortopedia,‭ ‬o atual modelo não tem se mostrado suficiente e efetivo‭ ‬para sanar os problemas apresentados,‭ ‬sejam estruturais,‭ ‬sejam pontuais‭”‬,‭ ‬relataram os auditores na época.

Conforme a equipe,‭ ‬a antiga administração reclamava que‭ ‬“faltam recursos para implantar projetos e ações de reforma,‭ ‬reequipamento e melhorias estruturais no hospital e que os valores provenientes da prestação de serviços hospitalares é praticamente insuficiente para cobrir a folha de pagamento,‭ ‬encargos,‭ ‬material de consumo e medicamentos‭”‬.

Ainda nas considerações finais,‭ ‬a equipe relatou a falta de transparência e organização por parte da antiga administração da Santa Casa de Corumbá.‭ ‬No entender deles,‭ ‬seria necessária a aproximação dos gestores estadual e municipal junto à unidade prestadora de serviço hospitalar,‭ ‬para que fossem tomadas‭ ‬“medidas corretivas na busca de soluções pragmáticas‭”‬.‭ ‬A equipe informou também que medidas paliativas não resolveriam a situação encontrada na época,‭ ‬que se perpetuava ao longo dos anos,‭ ‬e tão pouco garantiria uma assistência‭ ‬hospitalar permanente e continuada,‭ ‬pela constante instabilidade administrativa na prestação de serviço por parte do hospital,‭ ‬“resultando em desarranjo estrutural/conjuntural,‭ ‬onde o maior prejudicado é a população de Corumbá,‭ ‬a terceira maior população urbana do Estado e distante da capital,‭ ‬sua principal e única retaguarda assistencial em saúde‭”‬.

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