Jornada de estudo é longa, dizem primeiros colocados na Receita

Carlos Alberto Beckemkamp,de 27 anos, e Marcelo Mossi, de 26 anos, realizaram o sonho de milhares de candidatos a concurso público: eles tomam posse como auditores fiscais da Receita Federal em julho deste ano e passarão a receber mensalmente R$ 13 mil. Mas, além da vaga no setor público, eles terão o privilégio de escolher […]

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Carlos Alberto Beckemkamp,de 27 anos, e Marcelo Mossi, de 26 anos, realizaram o sonho de milhares de candidatos a concurso público: eles tomam posse como auditores fiscais da Receita Federal em julho deste ano e passarão a receber mensalmente R$ 13 mil. Mas, além da vaga no setor público, eles terão o privilégio de escolher o local onde querem trabalhar, pois passaram nos primeiros lugares: Beckemkamp em 1º, e Mossi em 4º lugar.

Beckemkamp, que é de Santa Cruz do Sul (RS), conta que não esperava estar no topo da lista dos aprovados. Mas as experiências anteriores do novo auditor fiscal mostram que ele pode ter exagerado no quesito modéstia. Aos 17 anos, ele passou em primeiro lugar em um concurso dos Correios para carteiro, mas não pôde assumir porque ainda não tinha 18 anos, um dos requisitos para tomar posse em qualquer concurso público.

Quando se tornou maior de idade, ele conseguiu novamente o 1º lugar para o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), no cargo de técnico judiciário, de nível médio. Depois que se formou em administração de empresas, ele prestou concurso para o cargo de analista judiciário, que exige nível superior, no mesmo TRT e, novamente, ficou no topo da classificação. Mas seu sonho sempre foi ser auditor da Receita. Em 2005, penúltimo concurso para o cargo, ele começou a estudar depois que saiu o edital, mas não passou. Até 2007 ele continuou estudando algumas matérias para o concurso e trabalhando no TRT, mas foi a partir de 2008 que ele começou a levar o estudo mais a sério. “Trabalhava 7 horas por dia e ainda cuidava do filho recém-nascido. Fim de semana era para estudar, é preciso o apoio da família”, diz.

Beckemkamp conta que fazia cursinho e estudava em casa. Antes do edital eram 4 horas de estudo por dia, depois do edital passaram a ser 6 horas. “Eu pegava uma matéria, ia até o fim dela, depois pegava outra e também terminava todo o conteúdo, alternando teoria e exercícios”, diz.

Quando saiu o edital ele passou a se dedicar principalmente para as matérias novas, que não haviam caído no concurso anterior. Beckemkamp diz que estudou até o último minuto. Como são duas provas objetivas, no sábado e domingo, ele conta que estudou entre um exame e outro. “Matérias que estudei na véspera caíram”, afirma. Para quem pretende ingressar no setor público,

Beckemkamp dá a seguinte receita: “Tem que ter preparação prévia, escolher a área, focar e estudar mesmo que não haja previsão de sair o edital. Aí quando sai o regulamento haverá tempo extra para estudar as matérias novas”.

Duas opções de cargos

Marcelo Mossi, de 26 anos, está feliz porque poderá assumir como auditor em Foz do Iguaçu (PR), onde mora. Engenheiro químico, ele conta que trabalhou dois anos na iniciativa privada, até 2007, mas pediu demissão e começou a estudar para concurso. Seu incentivo foram sua mulher, mãe e dois tios, todos servidores públicos.

Passou dois anos e meio só estudando para ser auditor da Receita, e nesse período passou em dois concursos em primeiro lugar: para técnico da Caixa Econômica Federal e do INSS, ambos cargos de nível médio. Além disso, passou em 2º lugar no Banco do Brasil, também em cargo de nível médio, e em 23º lugar para o cargo de fiscal de rendas, na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

Mossi conta que sempre foi “metódico” nos estudos. Ele fez uma grade de estudos e estudava 2 horas cada matéria. “Mas eu tinha que estudar todas as disciplinas previstas no período de um mês. Se faltasse algo eu ajustava para deixar tudo zerado”, diz. Mossi conta que seu planejamento de estudos ficava pronto sempre três meses antes. Seu esforço era estudar até conseguir acertar pelo menos 70% do conteúdo estudado.

“Minha rotina era como se eu estivesse trabalhando. Só tirava o domingo de folga”, diz.

Mossi está numa posição em que todo concurseiro de carteirinha gostaria de estar: terá de escolher se assume o cargo de agente fiscal de rendas em São Paulo, com salário inicial de R$ 7 mil, ou de auditor da Receita, com remuneração de R$ 13 mil. A segunda opção é a realização do seu sonho.

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