Corregedoria da Assembleia Legislativa abriu investigação contra o deputado tucano, que disse em vídeo que o Poder Legislativo distribui dinheiro até para desembargador em troca de favores; procedimento prevê punições ao parlamentar, uma delas a cassação do mandato

O deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, será investigado pela corregedoria da Assembleia Legislativa por conta de suas declarações que circulam num vídeo exibido no You Tube desde anteontem.

O parlamentar afirma na gravação que parte do dinheiro do Poder Legislativo captado por meio do duodécimo é distribuído ao governador do Estado, André Puccinelli, do PMDB, ao Poder Judiciário e até ao Ministério Público Estadual.

O recurso “doado” seria um meio de pagar favores pedidos pelo parlamentar, que ocupa o sexto mandato de deputado. Hoje ele é primeiro-secretário da Casa, cargo cuja missão é mexer com o dinheiro que cai na conta da Assembleia, algo em torno de R$ 181 milhões anuais.

A investigação foi anunciada no fim da sessão de hoje que, como ontem, foi marcada por um forte protesto contra os parlamentares.

No vídeo, Rigo afirma que cada deputado estadual receberia uma cota mensal de R$ 120 mil e que essa quantia seria reduzida agora para R$ 42 mil.

O corregedor da Assembleia, o deputado estadual Maurício Picarelli, do PMDB, disse que na semana que vem deve ouvir Ary Rigo. A partir dali, ele produz um relatório acerca do depoimento e vê se há ou não a necessidade de abertura de investigação.

Se a questão for levada adiante, segundo Picarelli, Rigo deve enfrentar uma comissão de ética, que pode definir, em caso extremo, até pela cassação do mandato do tucano. Quebra de decoro parlamentar seria o motivo da cassação do deputado.

Para Picarelli, as declarações de Rigo deixaram os deputados em situação “constrangedora”. Ontem e hoje, as sessões foram suspensas por conta das vaias dirigidas aos deputados.

Ontem, Rigo disse que o vídeo foi editado com a intenção de prejudicá-lo (ver material logo abaixo).

A conversa de Ary Rigo foi captada por meio de equipamentos da Polícia Federal usado pelo jornalista Eleandro Passaia, ex-secretário da prefeitura de Dourados.

Sob orientação da PF, Passaia gravou diálogos com políticos envolvidos num esquema de fraudes em licitações no município.

Por conta da espionagem do jornalista, 28 pessoas foram detidas pela PF, entre elas o prefeito de Dourados, Ari Artuzzi, o vice e novo dos 12 vereadores do município.