O último dia de negociação das ações da Petrobras antes da definição do preço de sua oferta acelerou as apostas entre os investidores, segundo os analistas de mercado: a maioria decidiu comprar os papéis animada com as notícias de demanda alta pela capitalização, pois acham que não terão seus pedidos de reserva atingidos na totalidade, ou seja, que haverá rateio.

Esses investidores adquirem os papéis porque imaginam que irão subir em breve, já que ficaram cerca de um ano pressionados, justamente à espera da operação.

Faltando pouco menos de uma hora para o final do pregão, os papéis preferências da estatal subiam 4,54%, a R$ 27,16. Puxado pelas ações da petrolífera, responsáveis por cerca de 20% dos negócios de toda a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa tinha um ganho de 1,61%, para 69.423 pontos.

“Os investidores podem estar comprando no mercado para completar o que esperavam adquirir no lançamento, mas não conseguiram”, diz o analista financeiro André Massaro. Segundo ele, esse movimento pode estar sendo feito também por gestores de fundos, que querem garantir a presença de seus clientes na megaoferta. “Justamente pela visibilidade dessa operação, é muito difícil para um gestor explicar, principalmente a um investidor institucional, porque ele ficou de fora”, diz Massaro.

Outro cálculo que vem sendo feito se refere ao preço da ação. Nesta noite, após o fechamento do pregão, Petrobras se reunirá com os coordenadores da oferta para definir a que preço ofertará seus papéis. Cálculos de mercado mostram que, tradicionalmente, as empresas dão um desconto de 10% em relação ao preço de fechamento da ação. O desconto pode ser maior se a demanda for fraca, ou menor, se a procura for forte.

Sabendo disso, o investidor que fez suas reserva para pagar R$ 26, por exemplo, pode estar comprando no mercado à vista para gerar um “movimento de manada” e tentar fazer a ação subir. Com isso, consegue fazer com que seu pedido esteja mais próximo do preço que a ação sairá no chamado “bookbuilding”, que é a coleta de intenções de investimento para a precificação da oferta.

Além disso, se conseguir comprar os papéis ao valor que solicitou, um preço mais alto no mercado já significa que esse investidor já saiu ganhando. “Ele vai ter uma ação pela qual pagou R$ 26, mas ela já R$ 28, por exemplo. Pode estar havendo um movimento especulativo para criar essa gordura”, comenta Massaro.

Apesar de ser a maior oferta de ações do mundo, vale lembrar que apenas parte dela será transformada em dinheiro, pois fatia relevante entrará em barris de petróleo. O governo, dono das reservas, deve fazer um aporte de R$ 74,8 bilhões, equivalente aos 5 bilhões de barris de petróleo que a empresa comprará. Para completar a operação, estimada em R$ 132 bilhões, faltam R$ 57 bilhões.