Idosos viviam em condição de escravidão a serviço de professora
A Polícia Civil do município de Itaporã, cidade a 15k m de Dourados, resgatou nesta quinta-feira (14) dois idosos que viviam em condições insalubres em um sítio localizado na zona rural da cidade. A operação de resgate teve ainda a participação de auditores do Ministério do Trabalho. Por meio de uma denúncia anônima, os policiais […]
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A Polícia Civil do município de Itaporã, cidade a 15k m de Dourados, resgatou nesta quinta-feira (14) dois idosos que viviam em condições insalubres em um sítio localizado na zona rural da cidade. A operação de resgate teve ainda a participação de auditores do Ministério do Trabalho.
Por meio de uma denúncia anônima, os policiais e auditores foram até o Sítio São Pedro e confirmaram que Amado Mariano da Silva, 73 anos, trabalhava no local a aproximadamente 10 anos e em nenhum deles foi remunerado por seus serviços. Outro idoso, Lourenço Muniz dos Santos, 78 anos, não confirmou a situação de escravidão, pois, segundo ele, seu dinheiro era guardado pela professora irmã do dono do imóvel, J.P.C.
Amado Mariano, conhecido por Itamar, contou ao delegado Wisnton Ramão Albres Garcia que veio de Minas Gerais para o estado uno de Mato Grosso em 1975. Ele não apresentou documentação que comprovasse seu trabalho rural anterior nem atual, inclusive recebe um benefício do governo Federal no valor de um salário mínimo, o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC-LOAS.
O outro idoso, Lourenço Muniz disse, no momento da operação de resgate, que ele não vivia em condição de escravidão porque a professora guardava seu dinheiro mensal. Com esta informação o delegado requisitou comprovantes (conta poupança ou quantia em espécie), mas ela disse que guardava, mas como gastava com ele em questões de saúde havia gastado tudo.
“Estamos avaliando tudo e na semana que vem vamos começar a ouvir todo mundo que possa comprovar alguma coisa. No caso da alegação dos gastos com saúde do idoso Lourenço, vamos até a secretaria municipal de saúde para certificar se existe algum registro de atendimento dele”, explica.
O delegado revela que obteve informações de que o sítio onde estavam os idosos, na verdade, é de propriedade do irmão da professora, o produtor rural A.P.C. Ele também será ouvido para dar sua versão sobre os fatos.
Sítio oferecia condições sub-humanas
Ao chegar ao sítio, os policiais e os auditores do trabalho encontraram uma cena de extrema miséria. Os idosos não tinham alimentação nos armários, apenas farinha de mandioca. Na geladeira água e mais farinha. Havia também uma vasilha com doce embolorado. O sal disponível não era refinado iodado, mas o grosso utilizado em coxeiras de animais.
Foi constatado também esgoto a céu aberto próximo ao fogão, que fica numa varanda do casebre. O banheiro exalava forte mau cheiro, pois sem sistema de descarga as fezes ficavam expostas no vaso sanitário.
Os idosos não moravam na mesma casa. Na de madeira ficava Lourenço, já Amado ficava na de alvenaria o que aparentemente poderia oferecer mais conforto, porém era a que tinha as piores condições pois um dos quartos ao lado do que ele dormia era utilizado para guardar agrotóxicos.
Segundo o delegado Winston, se ficar comprovada a denúncia o culpado vai responder por submeter à condição de escravo, perigo para a vida ou saúde e ainda um artigo do estatuto do idoso que trata da retenção de cartão de benefício. As penas em regime fechado podem chegar a 8 anos. (Colaborou Paulo Xavier).
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