O presidente do Haiti, René Préval, anunciou nesta quarta-feira que os corpos de “quase 170 mil” vítimas do terremoto de 12 de janeiro já foram recolhidos, um número superior ao último balanço fornecido pelas autoridades. “Muitos esforços foram feitos em 15 dias. A Companhia Nacional de Equipamento já retirou quase 170 mil mortos das ruas e removeu grande parte dos escombros para facilitar a circulação”, disse.

Segunda-feira, o ministro da Saúde, Alex Larsen, disse esperar um balanço final de 150 mil mortos após o terremoto, destacando que as autoridades já tinham contado 90 mil.

À agência de notícias Reuters, Préval confirmou ainda que as eleições legislativas do Haiti programadas para 28 de fevereiro estão adiadas por tempo indeterminado. “A campanha eleitoral deveria ser aberta amanhã, mas por razões óbvias isto não poderá acontecer.”

Os escritórios do Conselho Eleitoral desabaram com o forte terremoto que matou até 200 mil pessoas. Membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que trabalhavam com o grupo morreram e materiais da eleição ficaram soterrados, afirmou Préval. “Por razões humanas e técnicas, é óbvio que o processo eleitoral não poderá proceder como o planejado. […] Agora temos que discutir com os vários partidos o que irá acontecer, e qual será o próximo plano.”

Préval disse que não se candidatará à reeleição. Seu atual mandato acaba em 11 de fevereiro de 2011.

Hoje, agências da ONU presentes no Fórum Econômico de Davos pediram que seja doado ao Haiti “dinheiro vivo e não mercadorias”. “No que diz respeito a mercadorias há duas exceções: os haitianos necessitam desesperadamente de comida pronta para consumir e barracas”, diz Catherine Bragg, do órgão humanitário da ONU (Ocha, na sigla em inglês). Ela lembrou que se aproxima a temporada de chuvas no país.

Em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) aprovou a entrega, ainda nesta semana, de US$ 114 milhões em ajuda emergencial ao Haiti. “As necessidades do Haiti são imensas e urgentes”, falou o diretor-geral do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, em uma nota. “O aumento das somas enviadas pelo Fundo (…) contribui para ajudar nos gastos que o país tem, permitindo que o governo local pague importações de primeira necessidade sem esgotar as reservas do Haiti”, acrescentou.