Grupo de assentados denuncia técnico da Agraer
Servidor estaria pegando dinheiro dos assentados, mas até agora, segundo a denúncia, insumos não foram distribuídos às famílias; chefe da Agraer vê irregularidade na operação
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Servidor estaria pegando dinheiro dos assentados, mas até agora, segundo a denúncia, insumos não foram distribuídos às famílias; chefe da Agraer vê irregularidade na operação
Grupo de moradores do assentamento Alambari, em Sidrolândia, denunciam que o técnico da Agraer, Walber Soares Júnior, está intermediando a compra de cama de frango e calcário (usados para a fertilização do solo), porém o insumo não foi entregue até agora. Um dos produtores repassou R$ 900,00 e, sequer, recebeu um recibo da movimentação.
Sobre a legalidade do técnico estar intermediando a compra de insumos o diretor-presidente da Agraer, Antônio Roldão, disse que se realmente forem confirmadas as práticas ilegais por parte do funcionário o mesmo pode ser penalizado com demissão. “Desconheço as atitudes e para isto vamos formar uma comissão para investigar. Ouviremos os assentados e também daremos direito de defesa ao técnico para depois tomar providências”, afirmou.
Roldão explica que o técnico pode “até estar com boas intenções”, mas não é sua função intermediar negociações, principalmente fazer a compra direta para os assentados.
Vitor Correa, chefe do escritório da Agraer em Sidrolandia também concorda que as funções de Walter Júnior não é a de recolher dinheiro dos assentados e promover a compra dos insumos ou animais, mas que “talvez os assentados tenham achado melhor ele fazer isto”. Ele afirma que tem conhecimento de que o funcionário está tentando com a prefeitura de Sidrolandia um caminhão para levar os insumos para os assentados.
Silvio Vargas, gerente geral dos escritórios da Agraer no interior do Estado, explica que independente de boa vontade do técnico o dinheiro tem que ficar com o representante dos assentados. “Ele não é autoridade para isto”, diz.
Um dos assentados, que prefere não se identificar, revela que o técnico da Agraer disse que entregaria por R$ 25,00 a tonelada de calcário e R$ 50,00 a tonelada de cama de frango, porém o dinheiro foi recolhido em maio deste ano e ele ainda não recebeu o produto. “Quando a gente compra estes insumos temos urgência para fazer a correção do solo. Com esta demora nossa produção fica prejudicada”, diz.
O assentado Cícero Thomas de Souza disse que precisa dos insumos para fazer a correção da sua terra, porém não vê legalidade na ação de Walter Júnior. “Isso não é certo eu não dei dinheiro porque eu sei que isso é maracutaia ”, argumentou Cícero Thomas de Souza.
“A gente está esperando. Ele disse que entregaria depois que chovesse”, contou Jacira Duveza de Souza que deu R$ 75,00 há três meses.
Roseli Emídio afirma que repassou R$ 25 para a compra de calcário mais R$ 50 para a compra de cama de frango, “Eu dei o dinheiro, não questionei se é legal, eu não sabia que era proibido”, falou.
Uma equipe de reportagem do Midiamax foi até o assentamento do ‘grupo 4’ onde há quatro anos 65 famílias estão assentadas, cada uma com direito a 1 hectare para morar e plantar. No local, os assentados plantam abóbora, melancia e mandioca, alguns esperam criar gado leiteiro, produção que no momento depende de aprovações e investimentos.
O assentado Nelson Alves Rocha, alega que até hoje nunca foi feito uma análise de solo em seu lote, ou seja, não teve orientação técnica para produzir. “Não dá para viver nesse areião, não houve análise da terra. Essa terra é improdutiva”, diz. Para o assentado o ideal é que os moradores tenham orientação de que culturas são ideais para aquele tipo de solo.
Walter Júnior contrapõe o assentado e diz que foi feito um trabalho com o solo o técnico diz que houve a análise. “Houve as análises e o material está conosco”, afirmou o representante da Agraer.
Defesa
De acordo com o técnico, realmente o recolhimento do dinheiro dos assentados não foi feito por meio de projeto de investimento para evitar a demora. “Foi feito um acordo na secretaria de desenvolvimento de Sidrolândia. Eu fiz os requerimentos e a prefeitura entraria com o frete para ficar mais em conta para o produtor, evitando colocar essa despesa no recurso do Pronaf”.
Walber afirma que essa seria uma melhor forma de os produtores se organizarem inicialmente para conseguirem a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf).
Somente com a delaração é possível a aprovação do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que é o recurso destinado ao apoio financeiro das atividades agropecuárias e não agropecuárias do produtor rural.
“O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faz uma vistoria em cada lote para ser liberado o DAP, além de outros requisitos a pessoa não poder estar com o nome sujo, o que eu fiz só foi ajudar essas pessoas no adiantamento das infra-estruturas para que não fique difícil de elas pegarem o DAP e consequentemente o Pronaf”, disse.
Ao ser questionado em relação às denúncias dos assentados, o técnico pegou o dinheiro que estava em uma caixa, e perguntou aos produtores quem queria receber de volta. Ninguém quis pegar a quantia de volta. Soares Júnior informou que está com aproximadamente R$ 13.800 para a compra dos produtos.
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