Quase dois anos depois da sua criação, o Fundo Soberano do Brasil (FSB) foi autorizado a fazer compras de dólares para conter a valorização do real. O anúncio da medida pelo Ministério da Fazenda, no final da tarde desta segunda após o fechamento do mercado financeiro, é uma estratégia da equipe econômica para aumentar a “munição” do governo no combate a uma queda maior do dólar frente ao real, movimento que tende a crescer nos próximos dias com a entrada dos recursos externos para a capitalização da Petrobrás.

A decisão de usar o FSB como instrumento adicional de política cambial ocorre também no momento de enfraquecimento global do dólar, o que tem levado vários países, nos últimos dias, a adotar medidas para conter a valorização das suas moedas.

Em nota à imprensa, o Ministério da Fazenda avisou ontem que o poder de fogo do FSB é “ilimitado”, sem prejuízo para as contas públicas. Isso porque as compras de dólares que o FSB vier a fazer não são consideradas despesas primárias na contabilidade pública. O Tesouro poderá fazer uma emissão direta de títulos para FSB comprar os dólares. As compras serão feitas pelo gestor do FSB, o Tesouro Nacional, que tem o Banco do Brasil como seu agente de compra. O BB já administra o Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FIEE), que é um fundo de investimento onde estão aplicados R$ 18 bilhões do FSB.

“É uma decisão de governo. É mais uma arma que o governo fará uso para conter a valorização do real”, revelou uma fonte do Ministério da Fazenda. A decisão, segundo essa mesma fonte, não se trata apenas de ameaça ou uma tentativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de segurar o câmbio no “gogó”. O governo pretende, sim, usar esse instrumento numa ação coordenada com o Banco Central, que deve aumentar também as compras de dólares nos seus leilões diários.