A morte de um menino indígena, de 3 anos, da etnia Guarani-Caiuá, na terça-feira, 21, no acampamento Kurussú Ambá, revelou mais um capítulo de miséria e abandono público. Em nota oficial, a Fundação Nacional de Saúde- regional Mato Grosso do Sul – revela que a falta de atendimento para conter o quadro clínico da criança a levou a morte.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Funasa descreve que o acampamento, as margens da MS 289, que liga Amambaí e Coronel Sapucaia, a 394 km de Campo Grande, está numa área de conflitos e por isto o não envio de equipes ao local foi adiado.

Um dos trechos traz que “o envio das equipes de saúde somente é adiado quando existe risco de morte para os próprios técnicos de saúde, como é o caso da região mencionada, marcada por conflitos e cujo acesso é difícil até para as Polícias Federal e Militar, além da própria Funai. A Funasa orienta aos indígenas que procurem a aldeia de Taquapery, no mesmo município, onde há um posto de saúde próximo à área de litígio, a cerca de 8 km, com infraestrutura para atendimento médico. Durante reunião realizada no dia 15 de dezembro de 2009, com os representantes das mesmas instituições sobre o mesmo tema, o Ministério Público Federal expôs as dificuldades de se prestar auxilio aos indígenas doentes ou aos que necessitem de algum tipo de apoio da Funasa e de outras entidades públicas”.

Anteontem Egon Dionísio Hech, do Conselho Indigenista Missionário – regional MS e a irmã Joana D`ARC foram fazer uma visita à comunidade e encontraram a criança muito fraca. Eles levaram-na para a Funasa em Amambai por volta das 11h30 e a noite a Funasa levou até o acampamento o corpo da criança.

Egon Hech revela que o caso da criança indígena morta nesta terça-feira não é um caso isolado. Segundo ele, “existe um verdadeiro cemitério infantil na entrada do acampamento, ao lado dos barracos de lona”.