Segundo o Sindicato dos Médicos de MS, faltam profissionais na rede pública de saúde por problemas como a remuneração. População precisa correr entre postos da capital para ter atendimento.

O problema com a falta de pediatras nos postos de saúde de Campo Grande continua. Segundo o Sindicato dos Médicos de MS (SinMed), faltam profissionais na rede pública de saúde por causa de problemas como a remuneração, que consideram abaixo da média.

Outra preocupação apontada pelo Sindicato é a violência sofrida pelos profissionais nos postos de saúde. Segundo Rosely Coelho Scandola, advogada do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado (SINDHESUL), atualmente a pediatria está entre as especialidades médicas mais desvalorizada do país.

“A questão do salário é complicada, pois os profissionais dependem do repasse dos convênios. Em Campo Grande, o reajuste autorizado pela ANVISA foi de 6,73% até junho deste ano, e os convênios propõem aos prestadores de serviços o reajuste de apenas 2%”, conta.

Um exemplo é o preço de uma diária que atualmente varia de R$ 75,00 (setenta e cinco reais) a R$ 104,00 (cento e quatro reais) nas enfermarias, nos apartamentos de R$ 144,00 (cento e quarenta e quatro reais) a R$ 221,00 (duzentos e vinte e um reais) sendo que o preço médio de custo deveria ser de no mínimo R$ 285,00 (duzentos e oitenta e cinco reais) para enfermaria, R$ 424,00(quatrocentos e vinte e quatro reais) para apartamento, sem qualquer lucro ou vantagem para o hospital, segundo dados do Sindhesul.

Faltam profissionais

A prefeitura de Campo Grande admite que faltam profissionais, mas considera que o salário está dentro das condições do orçamento municipal. Geralmente os pediatras não se interessam pelas vagas, somente os profissionais recém saídos da especialização. Na capital são 162 pediatras atendendo na saúde pública municipal.

No posto de saúde Dr. Ênio Cunha, no bairro Guanandi, a situação é difícil. Existem pediatras atendendo, porém só durante a manhã e a noite e sem dias específicos. No começo da tarde, a dona de casa Raquel dos Santos esperava atendimento com o filho de dois anos no colo. Cansada de esperar, teve de procurar atendimento particular para a criança, que passava mal desde a manhã. “Não tem como esperar até as 19h pelo atendimento”, lamentou.

O prefeito Nelsinho Trad, durante reunião de balanço com a imprensa nesta quarta-feira (22), falou sobre o problema. Segundo ele, houve contratação de gente para saúde em 2010, mas o pediatra é um profissional em falta. “Temos a demanda, mas depende de termos mão-de-obra formada. Estamos na expectativa de quem está saindo das faculdades”, conclui.