Facadas em menino de 1 ano aconteceram num “minuto de delírio”, disse adolescente
“Um minuto de delírio”. Assim, a adolescente, de 15 anos, justificou as oito facadas que deu no filho Marcos Antônio Toledo de Almeida, de apenas 1 ano e 1 mês. Com a morte da criança, a jovem acreditava que se livraria de algo que considerava “empecilho” em sua vida. O bebê lhe trazia cobranças familiares […]
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“Um minuto de delírio”. Assim, a adolescente, de 15 anos, justificou as oito facadas que deu no filho Marcos Antônio Toledo de Almeida, de apenas 1 ano e 1 mês. Com a morte da criança, a jovem acreditava que se livraria de algo que considerava “empecilho” em sua vida. O bebê lhe trazia cobranças familiares e responsabilidades que ela não aceitava. O crime – que por a autora ser menor de idade, deve ser tratado como ato infracional – aconteceu na madrugada de segunda-feira, 22 de março, em um terreno baldio na esquina da alameda Piratininga com rua Rio Grande do Sul, no bairro Cristo Redentor.
A confissão aconteceu no final da manhã desta terça-feira, dia 23, após a garota ter apresentado à Policia Civil cinco versões diferentes sobre o crime e envolver duas pessoas inocentes: o namorado, Claudinei da Silva Cruz, 19, e o padrasto dela Nilson Diniz, 34. A autoria pela morte do filho só foi reconhecida pela adolescente depois de o delegado Enilton Zalla, que comandou as investigações, colocar frente a frente a jovem o namorado. “Não encontrava motivos dele, Claudinei, para o crime”, argumentou Zalla. Claudinei e Nilson foram ouvidos e liberados.
“Coloquei os dois numa sala para que conversassem. Para beneficiar um inocente [no caso Claudinei] gravei a conversa num celular e essa gravação ajudou”, contou o delegado afirmando que a garota disse ao rapaz que sabia que não era ele que matou a criança, mas precisava fazer aquilo. Depois disso, ela apontou o padrasto como culpado. Mas a versão não se sustentou e ela acabou assumindo a autoria das facadas.
“Fui eu que dei todas as facadas e fiz tudo isso daí. Não sei por que eu fiz”, teria dito a garota ao assumir, para o delegado, que matou o filho com oito golpes de uma faca de cozinha, de aproximadamente 25 centímetros. Ela ainda contou que segurou a faca com um saco plástico para não deixar impressões digitais. Após assumir a culpa ela disse aos psicólogos da Polícia Civil, que inicialmente a faca era para se suicidar, mas não conseguia fazer isso com ela mesma.
A forma como a mãe-adolescente agia, desde o primeiro contato com os policiais, era algo que intrigava, explicou o delegado durante entrevista coletiva. “Desde o início, o comportamento dela não era natural. Demonstrava uma frieza muito grande, comum a quem pratica crimes”, afirmou Enilton Zalla. “Ela consegue motivos muito fortes para a gente acreditar no que diz”, argumentou ao comentar como ela encarava os depoimentos. “Dizia que aquela era a verdade. Olhava no meu olho e falava doutor, essa é a verdade”, contou o delegado.
Quadro de psicopatia
O perfil psicológico da garota foi traçado como sendo de uma pessoa extremamente “inteligente; dissimulada e muito fria. Quando sente que vai demonstrar a culpabilidade, ela desvia”, avaliou Zalla afirmando acreditar num quadro de “psicopatia”. O delegado afirmou ainda que diante de todo esse perfil, a jovem “matou o filho na tentativa de livrar-se do que seria, para ela, um empecilho em sua vida. O filho lhe gerava cobranças e responsabilidades como ter de trabalhar para sustentar a criança”, cobranças que ela não gostava de receber.
Apreendida em flagrante, a jovem mãe vai responder por ato infracional caracterizado como homicídio, de acordo com o artigo 121 do Código Penal. “Homicídio qualificado por motivo fútil; meio cruel e recurso que impossibilitou defesa da vítima”, informou o delegado Enilton Zalla. Se fosse maior de idade e condenada judicialmente pegaria pena mínima provável de 16 anos em regime fechado. Como é menor de 18 anos, deverá cumprir pena máxima de três anos de apreensão em uma Unidade Educacional de Internação (Unei). O Auto de Apuração de Ato Infracional deverá ser concluído nos próximos dias e encaminhado para a Promotoria da Infância e Juventude.
A garota será encaminhada para uma ala reservada do presídio feminino, onde ficará esperando a autorização judicial para ser encaminhada a uma Unei feminina, que pode ser em Três Lagoas; Dourados e Campo Grande. Em Corumbá não existe Unei para garotas.
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