A polícia espanhola anunciou nesta terça-feira (7) que prendeu mais cinco suspeitos de envolvimento na rede de exploração sexual de homens brasileiros, que foi desmantelada na semana passada. Segundo o último comunicado divulgado, um brasileiro de 16 anos estava entre as mais de 70 vítimas do grupo que levava brasileiros a várias cidades da Espanha e os mantinha trabalhando em situações precárias para pagar as dívidas da viagem. A polícia encontrou ainda imagens do garoto de 16 anos divulgadas em site com anúncios da organização. A polícia diz que o garoto permaneceu ligado ao grupo por três semanas.

As prisões anunciadas nesta terça-feira são o resultado da segunda fase da operação realizada nos últimos dias contra a rede de exploração sexual de homens. “Cinco pessoas foram presas em gravações feitas em três prostíbulos masculinos localizados no centro da cidade de Madrid”, disse a Polícia nacional. Além dos cinco suspeitos detidos nesta segunda fase da operação,, os agentes prenderam cinco pessoas que estavam em situação irregular de imigração.

 Organização desmantelada No dia 31 de agosto, a polícia espanhola desmantelou a primeira rede de tráfico de homens na Espanha ao término de operações iniciadas em fevereiro que causaram a detenção de 14 pessoas. Foi a primeira vez que a Espanha acabou com uma rede dedicada à exploração sexual de homens. As primeiras detenções aconteceram em Palma de Mallorca, Madri, Barcelona, Alicante e León.

A maior parte dos jovens que se prostituíam vinha do Maranhão, atraídos por promessas enganosas. As operações, que começaram em fevereiro passado, causaram a detenção de 14 pessoas, entre elas do cérebro da organização, de nacionalidade brasileira, identificado pela polícia como “Lucas”. Também foram presas 17 vítimas que estavam na Espanha em situação irregular, explicaram depois em uma entrevista coletiva à imprensa membros da Brigada Central de Redes de Imigração. A organização atraía os homens com a oferta de uma “bolsa de viagem” e a passagem de avião, que era comprada com cartões “clonados”.

As vítimas tentavam entrar na Espanha a partir de outros países do Espaço Schengen europeu. Quando chegavam ao território espanhol, “o líder da rede os distribuía por casas de prostituição variadas e fornecia a eles cocaína, ‘popper’ (uma droga para a estimulação sexual) e Viagra para que se prostituíssem 24 horas por dia”. O grupo conseguiu levar para a Espanha cerca de 80 pessoas, dos quais 64 eram homens e o restante travestis e mulheres, indicaram as autoridades da brigada. As vítimas desta rede viviam amontoadas em casas de quartos com duas ou três beliches em que dormiam entre quatro e seis pessoas. Havia uma pequena sala onde se apresentavam para seus clientes, em maioria homens com entre 20 e 65 anos.

 Os jovens cobravam cerca de 60 euros (R$ 135), mas a metade da arrecadação ia para os chefes da rede, a quem tinham que pagar cerca de 4.000 euros (R$ 9.000) por terem sido levados para a Espanha. Segundo a polícia, os líderes da organização faziam as vítimas assinarem um contrato de arrendamento de um quarto compartilhado para poderem fingir que eles estavam ali voluntariamente.