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Escritores acreditam em convivência do livro de papel com novas plataformas digitais

Coexistência é a expressão mais utilizada pelos autores que participam da oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio, ao comentar o futuro do livro em papel e das novas plataformas digitais que permitem a leitura eletrônica, como o e-book.  O inglês Peter Burke, autor de mais de 30 livros – entre […]
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Coexistência é a expressão mais utilizada pelos autores que participam da oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio, ao comentar o futuro do livro em papel e das novas plataformas digitais que permitem a leitura eletrônica, como o e-book.

 O inglês Peter Burke, autor de mais de 30 livros – entre eles A Fabricação do Rei, Uma História Social do Conhecimento e, em parceria com sua mulher (Maria Lúcia Pallares-Burke), a obra Repensando os Trópicos: Um Retrato Intelectual de Gilberto Freyre -, acredita que o livro de papel ainda resiste por mais 30 anos, mas, em longo prazo, pode desaparecer como gênero literário.

“Como tantas inovações, isso tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é a acessibilidade e o lado ruim é a imaginação de crianças crescendo com a internet e lendo mais na tela que nos livros de papel. Eles vão ler de outro modo, diferente da minha geração. Para eles é fácil ler rapidamente para achar informações, mas lendo tudo na tela é muito difícil se entregar completamente à literatura. Para ler jornais, tudo bem. Para ler livros pequenos não há grande problema. Mas, não consigo ver alguém lendo na internet um livro como Guerra e Paz”, afirmou Burke.

O autor cearense Ronaldo Correia de Brito, que tem suas obras caracterizadas pela mescla do imaginário sertanejo e da cultura popular nordestina, acredita que há espaço para todos. “Quando surgiu a imprensa e o livro, foi disseminada a escrita, mas isso não acabou com a oralidade. As histórias continuaram sendo narradas.

Da mesma forma, acho que o livro vai continuar existindo enquanto houver celulose”. Da mesma maneira pensa o jornalista Sérgio Dávila, mediador de um dos debates promovidos pela Casa da Cultura. Ele acredita que assim como a televisão não acabou com o rádio, os meios eletrônicos não devem ser, por enquanto, vistos como uma ameaça ao livro de papel e destacou aspectos insubstituíveis como a portabilidade e “o prazer tátil que você tem ao ler um livro”.

Segundo Dávila, a crise mundial que atingiu a literatura nos últimos anos está sendo mitigada por dois fatores. “O mercado do livro está em ascensão, principalmente nos países emergentes como Brasil, porque tem toda uma classe C e D que está consumindo livro pela primeira vez na vida. Isso pelo lado do livro em papel, formato tradicional. Por outro lado, as editoras estão vendo uma possibilidade maior se abrir o uso das plataformas eletrônicas. Acho que essas plataformas vão conviver”.

Tiago Lacerda, que vive das ilustrações e quadrinhos e coleciona três publicações independentes, aposta que o livro é um elemento insubstituível. “O livro não vai acabar nunca. Um livro digital nunca vai substituir. O e-book não é a evolução do livro. O livro já chegou ao topo e o e-book, na verdade, tenta simular um livro. Não poderia ser evolução, se copia”.

O peruano Julio Villanueva Chang, editor da revista literária Etiqueta Negra e autor do livro de perfis Elogios Criminales, prefere não falar de futuro ou prever o que pode acontecer à indústria literária, mas lamenta que “jornais, revistas e impressos queiram se parecer mais com as páginas webs, twitters e redes sociais como facebook”. Segundo ele, o desafio dos escritores hoje é maior porque vivemos uma época de “crise universal de atenção, que tem a ver com uma transformação paulatina de como percebemos o mundo por meio da tecnologia. Estou te respondendo aqui e, ao mesmo tempo, ouvindo a música que está tocando e a mulher que está conversando na minha frente. Vivemos uma época em que todos querem falar e ninguém escuta”.

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