Escândalo afasta políticos de caminhada de André
Em entrevista coletiva, o governador mudou pela terceira vez a versão sobre o suposto repasse revelado pelo deputado Rigo, no valor de R$ 2 milhões
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Em entrevista coletiva, o governador mudou pela terceira vez a versão sobre o suposto repasse revelado pelo deputado Rigo, no valor de R$ 2 milhões
A caminhada da coligação “Amor, Trabalho e Fé” encabeçada pelo governador e candidato à reeleição André Puccinelli (PMDB) foi marcada pela ausência de lideranças políticas que apoiam sua candidatura. Dos 20 deputados estaduais que lhe dão sustentação política na Assembleia seis compareceram, sendo que um não concorre nestas eleições. Também foi sentida a falta de deputados federais do mesmo partido do governador.
A Assembleia e o governo de Puccinelli foram atingidos pelo escândalo do vídeo, no qual o deputado Ary Rigo (PSDB) relata suposta partilha de dinheiro público entre membros dos três poderes. Rigo que afirma, nas imagens, ter repassado R$ 2 milhões para Puccinelli, não esteve no evento desta manhã.
Nem a chapa majoritária do governador esteve completa no ato de hoje. O vice-governador Murilo Zauith (DEM), candidato ao Senado, não compareceu. Lideranças do DEM justificaram que ele está em Dourados, sua cidade de origem, participando de outros eventos políticos. O outro candidato ao Senado, Waldemir Moka (PMDB), e a candidata a vice-governadora, Simone Tebet, (PMDB) marcaram presença.
Também compararecem a senadora Marisa Serrano (PSDB), o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB) e os deputados estaduais Jerson Domingos (PMDB), presidente da Assembleia, Márcio Fernandes (PTdoB), Antônio Carlos Arroyo (PR), Rinaldo Modestos (PSDB), Carlos Marun (PMDB) e Antônio Braga (PDT) que não concorre nestas eleições.
A caminhada percorreu as ruas 14 de Julho, Cândido Mariano, 13 de Maio e encerrou na Avenida Fernando Corrêa da Costa, onde o governador discursou ao lado da família e de lideranças políticas.
Sem mencionar diretamente o caso dos vídeos, André disse que “repudiava mentiras” atiradas contra ele. Mais uma vez culpou a oposição pela crise que enfrenta com frases como “não precisamos mentir sobre o adversário” ou “não aceitaremos provocações, não aceitaremos baixaria”. Ontem, em entrevista coletiva, o governador mudou pela terceira vez a versão sobre o suposto repasse revelado pelo deputado Rigo, no valor de R$ 2 milhões.
Ainda no palanque pediu votos para Moka e Murilo. Sobre a presidência da República declarou voto em José Serra (PSDB), mas como vem fazendo em eventos anteriores disse que respeitava quem “pensa diferente”. Durante toda a campanha, André relutou em vestir a camisa do presidenciável do PSDB, fato que chegou a ser cobrado pelos tucanos.
Segurança e cabos eleitorais
Embora tenha dito ontem durante entrevista coletiva que não iria reforçar a segurança no evento, vários policiais à paisana estavam misturados à multidão, segundo relato de observadores. A caminhada transcorreu com tranquilidade, sem qualquer incidente registrado.
A maior parte dos militantes eram cabos eleitorais de Campo Grande contratados por candidatos da coligação. O grupo de André tem 14 partidos aliados. Era maciça também a presença de servidores públicos da prefeitura e do governo estadual.
Uma jovem moradora no bairro Serra Ville, em Campo Grande, conta que estava desempregada quando recebeu o convite para trabalhar na campanha de candidatos ligados ao governador. “A gente recebe R$ 250 por quinzena”, avalia.
Maria Aparecida da Costa, 49 anos, se apresenta como coordenadora da campanha de candidatos ligados a Puccinelli no Bairro Santo Antônio. Ela afirma ter levado 30 pessoas para a caminhada de hoje. Não fala em valores pagos aos cabos eleitorais. “Mas, aqui também tem pessoas que quiseram vir voluntariamente. São simpatizantes”, menciona.
Um rapaz que se identificou apenas como Paulo contou que estava coordenando grupo de cabos eleitorais do candidato Carlos Marun (PMDB), que tenta se reeleger deputado estadual. Embora todo o grupo de cerca de mil pessoas estivesse de camiseta do candidato, ele afirma que havia muitos voluntários que aceitaram colocar a vestimenta.
“Nós mobilizamos amigos e toda a colônia gaúcha por exemplo”, explica o coordenador, fazendo referência às origens de Marun que é do Rio Grande do Sul.
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