Em missa da Páscoa, Papa diz que humanidade precisa de ‘mudanças profundas’
A oração do papa Bento XVI, na bênção Urbi et Orbi (em latim, “à cidade – de Roma – e ao mundo”), pronunciada na manhã deste domingo (4) durante a celebração da Páscoa, foi marcada pelo pedido por “mudanças profundas”, com uma conversão “espiritual e moral”.Sem se referir em nenhum momento aos casos de pedofilia […]
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A oração do papa Bento XVI, na bênção Urbi et Orbi (em latim, “à cidade – de Roma – e ao mundo”), pronunciada na manhã deste domingo (4) durante a celebração da Páscoa, foi marcada pelo pedido por “mudanças profundas”, com uma conversão “espiritual e moral”.
Sem se referir em nenhum momento aos casos de pedofilia que vieram à tona recentemente, trazendo inclusive críticas à sua atuação antes de assumir a liderança da Igreja Católica, Bento XVI ressaltou que a humanidade atravessa “uma crise profunda” que requer “mudanças profundas, a partir da consciência”, com uma “conversão espiritual e moral”.
“Com sua morte e ressurreição, Jesus Cristo libertou o homem da escravidão radical, aquela do pecado, e lhe abriu a estrada para a Terra Prometida”, recordou o Pontífice, ao falar sobre a necessidade de um novo “êxodo”, que “se dá antes de tudo do interior do homem, e consiste em um novo nascimento do Espírito Santo”, uma “libertação integral, capaz de renovar cada dimensão humana, pessoal e social”.
“Também hoje a humanidade precisa de um êxodo, não de ajustamentos superficiais, mas de uma conversão espiritual e moral”, continuou.
Durante sua pregação, Bento XVI também orou pela paz no Oriente Médio e pelo fim dos crimes ligados ao narcotráfico na América Latina e Caribe, além de encorajar as populações do Chile e do Haiti, após os terremotos que atingiram esses países.
“Peço que no Oriente Médio, e em particular na Terra Santificada com a morte e a ressurreição (de Cristo), o povo realize um êxodo verdadeiro e definitivo da guerra e da violência”, e “para os países latino-americanos e do Caribe, que vivem um perigoso fortalecimento do crime ligado ao narcotráfico, que a Páscoa de Cristo dê a eles a vitória da convivência pacífica e do respeito ao bem comum”.
Já à “população do Haiti, devastada pela tragédia do terremoto, que esta cumpra seu êxodo do luto e do desespero a uma nova esperança, sustentada pela solidariedade internacional”.
Aos povos da África, e em particular do Congo, Guiné e Nigéria, o Pontífice pediu “o fim dos conflitos que continuam a provocar a destruição e o sofrimento e que se conquiste a paz e a reconciliação, que são garantias do desenvolvimento”.
Bento XVI também não se esqueceu dos cristãos do Paquistão, “que, por sua fé, sofrem a perseguição e até mesmo a morte”, e do Iraque, que “conhecem as provas e o sofrimento”.
Dirigindo-se a todas as nações, o Papa apelou que Deus “conceda [aos países] a força para empreenderem o percurso do diálogo e da convivência serena. Aos responsáveis de todas as nações, que a Páscoa de Cristo leve a eles luz e força, para que a atividade econômica e financeira seja finalmente posta sob critérios da verdade, da justiça e da ajuda fraterna”.
Ainda na mensagem Urbi et Orbi, o Papa orou para que a “potência da ressurreição de Cristo chegue a toda a humanidade, para que esta supere as múltiplas e trágicas expressões de uma ‘cultura de morte’, que tende a difundir-se, para edificar um futuro de amor e de verdade”.
Apoio ao Papa
Por sua vez, os fiéis – que lotaram a Praça São Pedro, mesmo com a chuva que caia pela manhã – por meio de suas mensagens lidas durante a celebração, expressaram apoio ao Pontífice e à Igreja.
Os católicos pediram “ajuda” ao Papa “para que ele seja, como Pedro, testemunha da ressurreição do Senhor para toda a Igreja e seja, como o primeiro dos apóstolos, plena a profunda fé em Cristo”, dizia uma das oração, em alemão. Outros textos — em português, russo, malaio e francês — também foram pronunciados.
Antes, o decano dos cardeais, Angelo Sodano, exprimiu o apoio de “toda a Igreja” a Bento XVI. “O povo de Deus está ao seu lado e não se deixa abalar por certas ‘especulações’, nem por provações que por vezes atingem a comunidade dos fiéis”, disse ele ao Pontífice, em alusão ao momento difícil que tem abalado a Igreja Católica nos últimos dias.
“Admiramos o seu grande amor que, com coração de Pai, assume as alegrias, esperanças, tristezas e angústias dos homens de hoje, principalmente os pobres e os que sofrem”, complementou o cardeal.
A Páscoa é considerada uma das maiores festividades cristãs, completando a Semana Santa, iniciada no Domingo de Ramos. Durante este período, os cristãos celebram a Paixão, a Morte a Ressurreição de Jesus Cristo.
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