Em meio aos destroços, população de AL tenta recomeçar a vida
Sentado sobre os escombros do que sobrou da sua casa depois da enchente da semana passada, que devastou o bairro de Ilha Angelita, no município alagoano de Rio Largo, o aposentado José Gregório da Costa fixa o olhar nas águas do Rio Mundaú sem saber como fará para reconstruir o que perdeu. A única certeza […]
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Sentado sobre os escombros do que sobrou da sua casa depois da enchente da semana passada, que devastou o bairro de Ilha Angelita, no município alagoano de Rio Largo, o aposentado José Gregório da Costa fixa o olhar nas águas do Rio Mundaú sem saber como fará para reconstruir o que perdeu. A única certeza depois da tragédia é que não voltará às margens do rio, local onde viveu por mais de 20 anos.
“Estou sentado aqui para distrair”, disse José Gregório à Agência Brasil. Ele é um dos quase 11 mil desabrigados e desalojados no município de Rio Largo, que teve toda a região central destruída pela enchente da última sexta-feira (19).
Passada uma semana do desastre que provocou a morte de oito pessoas e deixou 41 desaparecidos, os atingidos tentam recomeçar a vida e contar os prejuízos. Muitos voltaram para casa apenas para recolher o que sobrou, como telhas, portas, pedaços de madeiras e eletrodomésticos molhados.
“Agora na Ilha [Angelita] é só lembrança”, disse Ronaldo dos Santos enquanto carregava o que podia dos destroços da casa onde morava. O bairro, na margem do Mundaú, teve praticamente todas as casas arrastadas pela água.
“Desde domingo que a gente trabalha e não tem nada pronto”, reclamou o aposentado Aderlindo Alves, morador do centro de Rio Largo. Ele espera que o governo facilite o financiamento para que as pessoas possam reconstruir o que perderam. “Mas tem que ter carência e muito tempo para pagar”, observou enquanto lavava a casa cheia de lama.
Pelas ruas do centro da cidade, além do mau cheiro devido a destruição da rede de esgoto, pode-se ver sofás, colchões, travesseiros, fogões, tudo amontoado ao lado de postes que foram ao chão e de pilhas de paralelepípedos que antes cobriam as ruas do centro. A vendedora ambulante Adriana Pereira contou que no dia da chuva só teve tempo de salvar a mãe e os dois filhos. “Não deu tempo de tirar quase nada, apenas minha barraca de ferro, de onde tiro meu sustento”, contou.
Desesperada, a comerciante Maria Cícera da Silva disse que a enchente atingiu dez imóveis dela. “A água chegou até aqui”, disse apontando para o teto do bar de propriedade da comerciante. Ela afirmou que só conseguiu sobreviver porque subiu com a família em cima do telhado. “Tenho um filho deficiente e dez netos moram comigo. Preciso de ajuda”, apelou.
Sem saber se conseguirá reconstruir seu comércio no mesmo local, próximo ao rio, Maria Cícera já admite deixar o bairro onde vive há mais de 40 anos. “Nasci aqui e já enfrentei duas cheias, mas essa foi a pior. Destruiu tudo. Agora, se me derem outro lugar, eu vou”, afirmou.
Em visita às áreas atingidas pelas enchentes na última quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que seria uma irresponsabilidade deixar que as pessoas que sobreviveram às enchentes voltem a morar em locais de risco de inundação.
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