Dourados: Ação contra drogas é realizada em reserva indígena

O 3° Batalhão da Policia Militar, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, realizou nesta segunda-feira a formatura de 200 alunos índios no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência). As crianças são alunos da 5ª serie do ensino fundamental das escolas municipais Tengatuí Marangatú e Agustinho, localizadas na reserva indígena. […]

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O 3° Batalhão da Policia Militar, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, realizou nesta segunda-feira a formatura de 200 alunos índios no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência).

As crianças são alunos da 5ª serie do ensino fundamental das escolas municipais Tengatuí Marangatú e Agustinho, localizadas na reserva indígena. Neste primeiro semestre serão formados 1.300 estudantes da Rede Municipal de Ensino (Reme).

A cerimônia, realizada no Teatro Municipal, de Dourados, contou com a presença do prefeito Ari Artuzi, do comandante da Guarda Municipal, major PM Tonny Audry Zerlotti, do secretário municipal de Educação, Edmilson de Moraes, e do representante do 3º Batalhão da Polícia Militar, o instrutor Alexandro Marcos. Entre as apresentações culturais realizadas no local foi encenada uma peça em que os alunos incentivam o não consumo de bebidas alcoólicas e drogas e houve representação da música oficial do Proerd na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

O prefeito Ari Artuzi afirmou que os ensinos transmitidos durante as aulas do Proerd são essenciais para que as crianças ajudem a ensinar toda a comunidade a não consumir álcool nem drogas. “Vocês precisam levar para frente tudo que aprenderam, principalmente para os familiares que fumam ou bebem”, alertou. Edmilson de Moraes apontou a importância dos instrutores, como sendo os “soldados da paz”.

O comandante da guarda enfatizou que a aulas do programa garantem a prática dos direitos humanos através do distanciamento das crianças e adolescentes dos riscos das drogas. A previsão é de que até o final do ano todas as escolas da Reme apliquem o Proerd aos alunos da 5ª série, totalizando 2.500 estudantes beneficiados pelo programa.

Estudantes

Para o aluno da escola Tengatuí Marangatú Renan Machado, as aulas foram fundamentais para ele aprender os malefícios do álcool e das drogas. “Agora posso falar para os outros que tudo isso faz mal à saúde. Seria bom se tivesse mais aula como essa”, comentou.

Mirian Savala, mãe de um formando no programa, disse que o Proerd a faz trabalhar tranquila, uma vez que passou a confiar mais nos seus filhos após a inclusão deles no programa. “Antes eu trabalhava com o pensamento no serviço e nas minhas crianças que ficam sozinhas em casa. Agora sei que eles sabem o quanto as drogas fazem mal e disseram que vão ficar longe delas. Faz tão mal que provoca a destruição de muitas famílias”, afirmou. “É importante porque o conhecimento não fica somente com eles. Essas crianças passam a ser o que eles chamam de multiplicadores, levam o que aprenderam a outras crianças”, diz Elson de Souza, pai de uma aluna.

Elias Moreira, coordenador da escola Tengatuí Marangatú, incluída no programa desde 2001, disse que os alunos correspondem de forma positiva ao ensinamos, o que reflete no comportamento deles em sala de aula e até na imagem que cada um tem de si mesmo. “Os ensinamentos incentivam a auto-estima, fator que interfere no cotidiano da comunidade indígena”, explicou.

A diferença cultural é vencida pelos instrutores através da variação na metodologia de ensino. “Devido à diferença até mesmo na linguagem e interpretação do que é ensinado, precisamos modificar um pouco a abordagem, tendo como principal objetivo ensinar sobre os perigos do consumo do álcool e das drogas”, disse o instrutor da PM Rodney Silva dos Santos.

Resultados

Fazendo uma análise pessoal, longe de estatísticas da polícia, Rodney diz perceber uma considerável alteração nos índices de consumo de drogas e violência nas escolas da reserva indígena. “É perceptível a mudança na conduta deles para com os colegas e professores e ainda a resistência às drogas é maior. Eles quando veem alguém diferente ficam naturalmente assustados e meio distantes. Porém, com o tempo, cria-se uma amizade entre o aluno e o policial instrutor. Essa amizade ocorre tanto na aldeia quanto na área urbana”, afirmou. Segundo ele, as crianças passam a ver os policias como protetores e não repressores.

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