Na primeira reação pública de um dirigente verde às cartas de intenções de PT e PSDB, que tentam obter o apoio e o eleitorado de Marina Silva (PV), a resposta foi negativa. O vice-presidente do partido, deputado eleito Alfredo Sirkis (RJ), fez duras críticas em seu blog aos documentos apresentados por petistas e tucanos. Considerou ambos “fracos”.

Há, no entanto, dois pesos às declarações de Sirkis. Um para a carta do PT e outro para a carta do PSDB. O dirigente verde é mais incisivo em relação ao documento apresentado pelos tucanos, que chamou de “pífio”. “Dá a impressão de negligência, de ter sido feito ‘nas coxas’”, observou, para, em seguida, enumerar pontos de divergência.

Em sua crítica mais contundente, Sirkis afirma que os emissários do PSDB cometeram uma “gafe monumental” ao versar sobre o voto distrital. “O distrital é a morte dos pequenos partidos como o nosso. Nossa proposta é o distrital misto (sistema alemão). Deve ter sido por conta da pressa ou do descaso…”, argumenta o dirigente.

Para Sirkis, por outro lado, a candidata do PT, Dilma Rousseff, aceitou “ir mais longe” na questão do código florestal – ponto-chave para a convergência do apoio verde. “No documento, os tucanos ficam aquém inclusive do colocado na conversa. Não falam de reserva legal e tornam ainda mais imprecisos seus limites em relação às APPs (áreas de proteção ambiental)”, anotou o dirigente do PV.

 As declarações de Sirkis reforçam o aceno do “corpo político” do PV para a independência como resposta final para o segundo turno. O presidente do PV de São Paulo, Maurício Brusadin, concorda. “Foi muita declaração de amor para pouca prova de amor”, sublinhou, sobre as cartas de intenções de PT e PSDB.

Contudo, isso não significa que o partido permanecerá neutro na disputa. O “corpo técnico” da campanha de Marina descarta a falta de posição na disputa. “Pode haver independência, mas não neutralidade”, disse ao Estado João Paulo Capobianco, coordenador da candidata do PV. “Isso seria uma desqualificação do processo eleitoral e um desrespeito com os nossos eleitores.”

Mesmo que não declare apoio a um candidato, afirma Capobianco, o partido continuará engajado na eleição, defendendo sua agenda de governo. Para ele, a princípio, nenhum candidato leva vantagem sobre o outro. “Nenhum dos dois dá importância estratégica à questão ambiental”, afirmou.