O desembargador do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Claudionor Abss Duarte, vai interpelar judicialmente o deputado estadual Ary Rigo, 63, do PSDB, informou seu defensor, o advogado André Borges.

Num vídeo que circula desde hoje cedo no youtube, o parlamentar afirma que o magistrado teria “facilitado a vida” do prefeito afastado de Dourados, Ari Artuzi, sem partido, preso desde o dia 1º por corrupção.

Borges disse que vai interpelar Rigo amanhã no TJ. Com essa medida, o parlamentar, que ocupa o sexto mandato de deputado estadual, terá de se manifestar quanto às declarações que comprometeriam o desembargador.

“Ele [deputado] mexeu numa das mais fantásticas biografias jurídicas aqui do Estado. O desembargador já presidiu o TJ, o TRE e o OAB regional, é uma pessoa formidável, séria”, disse o advogado.

André Borges informou também que pode processar o deputado por calúnia.

Rigo diz que paga R$ 900 mil a desembargadores. No vídeo, o deputado não cita que o desembargador estaria recebendo dinheiro em troca de sentença, mas afirma que o magistrado teria “favorecido Artuzi”. O material gravado deixa a entender que o prefeito não teria sido preso antes por “proteção”.

O vídeo exibido no youtube é fruto de um diálogo gravado pelo jornalista Eleandro Passaia, ex-secretário de governo de Dourados.

O jornalista fez uma série de gravações com a ajuda tecnológica da Polícia Federal, que ficou com o material coletado. Por meio dessas investidas, a PF prendeu 28 pessoas no início do mês, entre as quais o prefeito de Dourados, o vice e nove dos 12 vereadores da cidade.

A assessoria de imprensa da PF, em Dourados, informou que o delegado que chefiou a operação Uragano, Bráulio Gallone, ainda não tinha visto o vídeo mostrado no youtube e que ia se manifestar somente depois de assisti-lo.

Na conversa entre Ari Rigo e Passaia, travada possivelmente numa das salas do prédio da prefeitura de Dourados, o deputado diz que o então procurador-geral de Justiça, Miguel Vieira, teria recebido R$ 300 mil para manobrar uma investigação que estaria incriminando o prefeito Artuzi. O caso em questão seria a operação Owari, tocada ano passado pela PF.

A assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual informou que o comando do órgão vai se manifestar somente no fim da tarde de hoje.