Deputados “adversários” escancaram o jogo eleitoral

Notícia de ‘parcerias pontuais’ entre causa irritação e petistas devem debater o assunto internamente; Delcídio diz que estratégia pode ocorrer até para governador

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Notícia de ‘parcerias pontuais’ entre causa irritação e petistas devem debater o assunto internamente; Delcídio diz que estratégia pode ocorrer até para governador

PT e PMDB, como se sabe, devem se enfrentar, em disputa inédita, pelo governo do Estado em Mato Grosso do Sul. Zeca do PT, ex-governdor por dois mandatos, concorrerá com o atual governador André Puccinelli (PMDB).

Porém, nas bases, lideranças planejam uma eleição descolada da disputa pelo governo do Estado. Hoje pela manhã, durante evento na Fetems, o deputado federal do PT, Antonio Carlos Biffi e o estadual do PMDB, Junior Mochi, deram exemplo de que cada militante deverá agir conforme seus interesses pessoais.

No evento organizado por Biffi, o deputado Junior Mochi revelou a parceria política com o deputado petista e, ao deixar o local, anunciou que os dois devem fazer dobradinha para as eleições no interior. Por esse acordo os peemedebistas ligados a Mochi ficam liberados para votar no petista e os petistas ligados a Biffi estão livres para votar no peemedebista.

O presidente regional do PT, Marcus Garcia, disse que não interpretou a ida de Mochi ao evento como uma dobradinha eleitoral, mas foi enfático. “Vamos tratar este assunto dentro do partido. Exigiremos que petistas apóiem candidatos do PT ou no máximo da coligação”, esclareceu.

Petistas reagiram e querem levar a questão para ser discutida no Diretório Regional. “Companheiro tem que trabalhar com companheiro”, disse um petista que rechaça a proximidade entre Biffi e o deputado do PMDB.

O deputado Biffi é bastante “prestigiado” pelo governador André Puccinelli. Em evento, nas Moreninhas, 9 de março, dia do aniversário de Biffi, André elogiou e até cantou parabéns para o deputado.

Júnior Mochi explica quer as parcerias serão pontuais nas regiões onde os dois “atuam juntos politicamente”. Em Coxim, por exemplo, a prefeita Dinalva Mourão (PMDB) eleita com a ajuda de Mochi, teve a ajuda dos petistas. “Os petistas ligados a Biffi ocupam a secretaria de Educação”, detalha Mochi. A parceria se estenderia às cidades de Nioaque, Sonora e Corguinho.

“Isso é normal no interior. Há outros municípios nos quais eu farei parceria com o deputado Reinaldo Azambuja”, diz Mochi citanto do deputado estadual do  PSDB, que tentará uma vaga na Câmara Federal.

Em sua opinião, as eleições proporcionais são descoladas da disputa para governo do Estado e presidência da República. Ou seja, cada um que se vire, inclusive os candidatos ao governo, André e Zeca, que cada um deveria representar e defender. 

O senador Delcídio do Amaral (PT), que ouviu as manifestações de Mochi e Biffi, disse considerar normal a dobradinha com lideranças de outros partidos. “Isso vai acontecer até para governador”, acredita. O senador enfrenta a desconfiança de setores do PT de que, tal como Biffi, teria proximidade com o PMDB.

Além do presidente Marcus Garcia, o deputado estadual Amarildo Cruz também pensa diferente do senador. Ele não gostou do que ouviu no evento. “Eu não concordo. Jamais faria igual. Todas as dobradinhas que eu vou fazer no interior são com filiados do próprio PT”, afirma.

Amarildo diz respeitar a estratégia dos outros militantes, mas não acredita possibilidade de eleições descoladas. Ele avalia que o militante do PT tem de abraçar o projeto inteiro, ou seja, Zeca governador e filiados do PT para cargos proporcionais onde quer que seja. Diz ainda que essa estratégia é de eficiência duvidosa.  “Ele pode ganhar votos de outros militantes de outros partidos, mas pode perder os do PT”, avalia.

Já o deputado estadual Pedro Teruel analisa a situação por dois prismas. “A parceria é boa para uma liderança do PT e outra do PMDB. É uma questão suprapartidária. É, na verdade, um sinal dos novos tempos políticos. O presidente Lula, por exemplo, destina recursos a prefeituras de partidos adversários”, comenta.

Por outro lado, diz: “É claro que quando estiverem no palanque, Biffi defenderá as candidaturas do PT e Mochi as do PMDB”. Assim, a parceria política que interessa a ambos ocorreria em redutos específicos, completa Teruel.

É esta a razão que o presidente Marcus Garcia enxerga na presença de Mochi o   agradecimento pelos investimentos federais que Biffi canaliza para a região Norte, área de atuação política de Mochi. Mas faz a ressalva: “As dobradinhas serão feitas com os petistas ou com aliados”.

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