Deputados admitem ‘dobradinha mista’ e dizem que é normal

Na Assembleia Legislativa, a maioria dos deputados estaduais admite que fará dobradinha eleitoral com candidatos a deputado federal de outros partidos e até da coligação adversária nas eleições de outubro. Segundo eles, isso “é normal”, “não é motivo de vergonha” e negar estas parcerias seria tentar “enganar a população”. O assunto ganhou ampla repercussão no […]

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Na Assembleia Legislativa, a maioria dos deputados estaduais admite que fará dobradinha eleitoral com candidatos a deputado federal de outros partidos e até da coligação adversária nas eleições de outubro. Segundo eles, isso “é normal”, “não é motivo de vergonha” e negar estas parcerias seria tentar “enganar a população”.

O assunto ganhou ampla repercussão no meio político após o Midiamax noticiar a dobradinha declarada entre o deputado estadual Júnior Mochi (PMDB) e o deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT) que veio à tona em evento do PT, no sábado passado.

Candidato à reeleição, o deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB) disse que faria dobradinhas até com candidatos a deputado federal do PT, partido que será adversário do PMDB na disputa pelo governo do Estado.

“Eu acho que não se deve mentir para a população. Nestas eleições, a pessoa votará em seis candidatos [presidente, 2 senadores, governador, deputado federal e estadual]. Não adianta você querer empurrar os cinco na população”, afirma.

“Não existe voto vinculado. A regra permite isso. As pessoas votam nas pessoas não em partidos”, completa.

O deputado Rinaldo Modesto (PSDB) também tem uma posição liberal em relação a dobradinhas políticas. “Você tem que respeitar o nicho eleitoral. É impossível você impor o seu candidato a deputado federal quando o grupo quer outro nome”, explica.

A exemplo de Marquinhos, o deputado explica que não se furtaria a fazer uma dobradinha com algum petista se isso fosse necessário para ganhar votos de determinado reduto eleitoral.

Nacionalmente, PT e PSDB são adversários e disputarão a presidência da República, mas para Rinaldo as eleições proporcionais (deputados) são descoladas das eleições à presidência e governo.

O deputado estadual Paulo Corrêa pensa da mesma forma. “Não é vergonha alguma fazer dobradinha com candidatos de partidos adversários. Você tem que respeitar as bases eleitorais, do contrário perde votos”, mencionou.

Corrêa explica que seu parceiro preferencial deverá ser o secretário de Obras, Edson Giroto, que está filiado ao PR. Porém, explica que é necessário respeitar o trabalho que outras lideranças tenham na base eleitoral.

“Não vejo qualquer problema em fazer parceria com lideranças de outros partidos, mesmo que o meu candidato a governador seja o André Pucinelli e o do parceiro seja o Zeca do PT. O meu partido é o PR que se originou do Partido Liberal”, detalhou.

Tanto Rinaldo quando Corrêa afirma que seus respectivos partidos, PSDB e PR, não farão qualquer policiamento sobre as dobradinhas. Segundo eles, há anos, as parcerias mistas são tratadas com naturalidade.

Já o deputado federal Zé Teixeira (DEM) é um dos poucos a adotar um posicionamento mais conservador. “Vou fazer parcerias com candidatos que estiverem na minha coligação. Com os adversários não. Acho que o PT nem me procuraria para uma dobradinha. Não daria certo mesmo. O certo é você dobrar com candidatos que estão na coligação do governador que você defende”, opinou.

Parte da bancada petista também pensa como Zé Teixeira. O deputado estadual Amarildo Cruz, por exemplo, disse que não concorda com parcerias mistas. “Os meus parceiros serão do meu partido”, garante. O deputado defende ainda que a dobradinha entre Biffi e Mochi seja alvo debate no PT regional.

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