Depois da Marinha, Exército e Aeronáutica ajudarão Bope em guerra contra tráfico no Rio
Depois de cinco dias de confrontos no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou 800 homens do Exército para a cidade, além de mobilizar Aeronáutica e Polícia Federal. Ontem, em operação policial sem precedentes, já com apoio de blindados da Marinha, a polícia ocupou a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (zona norte […]
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Depois de cinco dias de confrontos no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou 800 homens do Exército para a cidade, além de mobilizar Aeronáutica e Polícia Federal. Ontem, em operação policial sem precedentes, já com apoio de blindados da Marinha, a polícia ocupou a Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (zona norte do Rio), após 40 horas de intenso tiroteio.
“Não é humanamente possível que 99% das pessoas sejam molestadas por gente que está na marginalidade. Portanto, o Rio pode ficar 100% tranquilo que o governo dará ajuda”, disse Lula em Georgetown, capital da Guiana. Segundo ele, um pedido formal de auxílio para uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi feito anteontem pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
O Exército vai garantir a proteção dos perímetros das áreas ocupadas por policiais. Já a Aeronáutica vai enviar dois helicópteros. Ainda serão mandados mais dez blindados das Forças Armadas, além de equipamentos de comunicação e óculos de visão noturna. Pela primeira vez na história, homens da Polícia Federal, pelo menos 300, atuarão no Estado já a partir de hoje.
Pelo menos 35 pessoas já morreram no Rio desde domingo. O número não inclui os mortos de ontem na Vila Cruzeiro, quartel-general do Comando Vermelho – o total não foi revelado pelo governo. Ontem, os ataques continuaram e se espalharam pela cidade, atingindo até o Túnel Rebouças, que liga as zonas norte e sul. Nos cinco dias, pelo menos 61 veículos já foram incendiados.
A ocupação na Vila Cruzeiro mobilizou 510 homens entre policiais militares e civis. Setenta fuzileiros navais ajudaram a operar as viaturas blindadas da Marinha, equipadas com metralhadoras .50. Foram elas que permitiram à polícia do Rio entrar na comunidade e ultrapassar barricadas montadas por traficantes. O espaço aéreo chegou a ser fechado pela manhã, para facilitar a invasão. Vários criminosos fugiram para a favela vizinha.
“O que acontece é que há uma rota de fuga difícil de alcançar”, explicou o subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, referindo-se às imagens do helicóptero da TV Globo que mostraram ao vivo a fuga em massa da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão pela Serra da Misericórdia. As imagens repercutiram na internet e motivaram críticas no Twitter – usado pelo governo para rebater boatos.
Pela manhã, a chegada de seis blindados da Marinha interrompeu o tráfego de veículos na Avenida Brás de Pina, uma das principais da Penha. Segundo a Marinha, foram empregados na operação 6 veículos blindados M-113, 4 carros-lagarta anfíbios e 3 viaturas Piranha, para transporte de tropas.
Barulhos de explosões e bombas foram seguidos por colunas de fumaça que emergiam das favelas. As ruas da Vila Cruzeiro ficaram totalmente vazias. “Virou uma guerra civil”, resumiu a recepcionista Monique Gama, de 30 anos.
Queixas. O apoio do Exército veio após queixas durante o dia do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Ele agradeceu à Marinha por ceder os equipamentos, mas fez uma crítica velada ao Exército. “Não ofereceram nada.” Horas depois, os Ministérios da Defesa e da Justiça anunciaram o reforço de Exército e Polícia Federal.
PARA LEMBRAR
Desde a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (Rio-92), as Forças Armadas são usadas contra bandidos no Rio. Em 1994, soldados do Exército e fuzileiros navais ocuparam morros e favelas durante a Operação Rio. Em 1997, 900 homens do Exército participaram de operação para recuperar fuzis roubados. Em 2002, os militares ajudaram no policiamento do Rio nas eleições e voltaram às ruas da cidade no carnaval de 2003. Em 2006, novamente para recuperar armas roubadas de um quartel, o Exército foi usado e, por fim, serviu até para proteger obras do PAC.
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