Dengue já matou 22 este ano e contamina 16 pessoas por dia na Capital

A cada dois casos de dengue registrados em todo o Mato Grosso do Sul, um paciente é da Capital; para autoridades, população tem carga de culpa

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A cada dois casos de dengue registrados em todo o Mato Grosso do Sul, um paciente é da Capital; para autoridades, população tem carga de culpa

O mês de novembro ainda não acabou, mas a Secretaria Municipal de Saúde já notificou neste mês 424 casos de dengue na Capital. Um dado alarmante, pois somados de janeiro até o momento, já são 39.825 casos.

É quase metade dos casos notificados no Estado inteiro, que de janeiro até a última quarta-feira (24) somaram 80.020 casos de dengue.

Foram 46 óbitos registrados por causa da doença e novamente a Capital foi a “campeã”, onde foram notificadas 22 mortes devido a dengue.

Também registraram casos de morte as cidades de Jardim (7), Dourados (7), Ponta Porã (2), Água Clara, Angélica, Corumbá, Mundo Novo, Paranaíba, Rio Brilhante, Rio Verde e Três Lagoas.

A doença é infecciosa causada por vírus e transmitida pela picada do mosquito Aedes argypti, e é considerada um dos principais problemas de saúde pública. Ela pode se apresentar em até quatro tipos, inaparente, clássica, hemorrágica e o tipo 4, que é o mais preocupante deles.

E o combate a dengue já começou, a Secretaria Municipal de saúde realizasse blitz educativas com distribuição de material orientando a população a respeito da importância de não deixar focos de água parada e possíveis criadouros para o mosquito. Dor Para as pessoas que já tiveram dengue, uma palavra define a doença.

“Horrível! É horrível”, garante Celice Menezes, de 27 anos. Quando teve a doença há um ano, ela conta que a dor é lancinante. “Dor de cabeça e nas juntas e falta de apetite, que faz com que a gente fique fraca. Em resumo, é horrível”, conta. E nem mesmo quem trabalha no combate a doenças fica livre.

Esse foi o caso da auxiliar de departamento pessoal Dina Bewiahn. Ela que teve dengue duas vezes, sentiu na pele o poder devastador da doença. “A primeira vez tive muita dor de cabeça, no corpo e febre bem alta. Logo de início teve a suspeita de dengue e precisei ficar de repouso. A dor nas juntas era intensa, mas ficou pior quando dois anos depois fiquei doente novamente”, conta ela.

Já a segunda “versão” da dengue foi pior. “Fiquei internada com sangramento na gengiva e nariz, mas não era dengue hemorrágica, fiquei bastante fraca e com uma espécie de coceira na pele”, lembra.

Segundo ela, o médico disse que a doença veio mais forte por ela já ter tido uma vez. Na época que ficou doente, Dina era agente epidemiológica do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e por isso andava em vários bairros da cidade.

“Não sei precisar onde peguei a doença. Mas acredito que é preciso conscientização de todos e maior cumplicidade do poder público com a população”, afirma ela, que conhece de perto a rotina de visitas as casas para conscientizar sobre a importância de não deixar água parada.

Fiscalização

Em locais onde a incidência de focos de dengue podem ser maior, há a fiscalização contínua. Esse é o caso de um comércio de reciclagem no Jardim Imá. Segundo proprietário do local Renne Loddi, a fiscalização a procura de focos é constante.

“Vem no mínimo duas vezes por semana e acredito que é importante, pois aqui é um local que devemos ter o dobro de cuidado. E isso é para a nossa própria saúde, uma vez que aqui tenho 26 funcionários e graças a todo esse cuidado que nunca tivemos nenhum caso de dengue aqui”, explica o empresário.

Para Rennê, a prefeitura deve fiscalizar mas também orientar. “A distribuição desse material no bairro auxilia muito. Quanto mais cuidamos, menos casos da doenças vão existir. Além das multas, pois parece que algumas pessoas só tomam consciência quando mexe com o bolso”, constata ele.

O empresário, no entanto acredita que é preciso ter bom senso. “Não adianta eu cuidar e meu vizinho não cuidar, capaz até de sermos apontados como culpados”, preocupa-se. O mesmo entendimento tem a ex-agente que teve a doença duas vezes.

“A população precisa estar atenta. Mas percebo que falta também valorização dos agentes e a população precisa ser mais estimulada. Mostrar mais a fundo que não é somente pela dengue, mas a higiene em si elimina várias outras doenças”, aponta.

Reclamações

Uma das reclamações mais constantes ouvidas pelos agentes, é de que a população limpa o quintal, mas não tem onde descartar adequadamente os resíduos retirados. Segundo a ex-agente, nos locais onde visitou, as pessoas mais carentes são as que melhor recebem as orientações.

“Quando chegamos a bairros da periferia, eles nos recebem com atenção, mostram disposição em ajudar, mas nas casas de bairros nobres, os agentes às vezes nem são atendidos. Na maioria das vezes, mandam a empregada dizer que podem falar agora”, destaca um agente que prefere não se identificar. A informação é confirmada por Dina.

“Eles acham que não precisam atender. Podem deixar as piscinas expostas e depois resolverem com algum conhecimento nos órgãos públicos, mas a responsabilidade é de todos”, finaliza.

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