Líderes do PSDB minimizaram nesta quarta-feira a pressão de integrantes do DEM e do PPS para que o governador tucano de Minas, Aécio Neves, dispute a vice-presidência da República na chapa do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ao Palácio do Planalto. Entre os tucanos, o sentimento é o de que Aécio vai manter sua disposição em concorrer a uma vaga no Senado, sem compor a esperada chapa “puro-sangue” com o colega de partido.
“Eu nunca fiz essa aposta [de chapa puro-sangue]. Eu disse que seria improvável ele [Aécio] ser vice. O Aécio disse a companheiros que pode ajudar mais em Minas, se for eleito para senador”, disse o presidente do PSDB, Sério Guerra (PE).
Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), apontado como “plano B” do partido para disputar a vice na chapa de Serra, o governador mineiro deixou claro que não pretende formar a dobradinha com o tucano.
“Acho que a vice para o Aécio seria difícil. Tem dezenas de nomes de muita qualidade dentro e fora do partido. Contar com a possibilidade do Aécio [ser vice] não é realista neste momento”, afirmou.
Aécio reiterou hoje que “não cogita a possibilidade” de disputar a vice na chapa de Serra. A movimentação em torno do nome do tucano ganhou novo fôlego depois do crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nas pesquisas de intenção de votos. Pesquisa Datafolha revela que a diferença entre Serra e Dilma caiu de 14 para 4 pontos desde dezembro.
Em meio à indefinição de Aécio, Tasso negou estar disposto a integrar a chapa com Serra ao reiterar sua disposição em concorrer novamente ao Senado. “Não está no meu cenário ser vice, mas sim candidato ao Senado pelo Ceará.”
O nome de Tasso seria uma estratégia para tentar reunir votos pró-Serra no Nordeste, onde Lula tem maior popularidade. Como a candidatura de Dilma tem como mote o apoio do presidente da República ao seu nome, alguns tucanos defendem que o vice seja do Nordeste para mostrar que o partido vai dar atenção à região caso Serra seja eleito.
Alerta
O crescimento de Dilma nas pesquisas fez acender um sinal de alerta nos partidos que apoiam o PSDB na corrida presidencial. Embora oficialmente os tucanos adotem o discurso de que Serra ainda não é candidato e terá chances de crescer até outubro, nos bastidores reconhecem que a demora na definição da candidatura pode trazer prejuízos à disputa.
Aécio anunciou no fim do ano passado que, diante da indefinição do partido em escolher o candidato ao Palácio do Planalto, retirava o seu nome da corrida presidencial, o que forçou Serra a se definir como candidato.
O governador de SP, porém, vem reafirmando que ainda não definiu se será o nome do PSDB na corrida presidencial –o que aumenta a pressão para que Aécio componha a chapa puro-sangue.