É um público que gosta de um bom tratamento, sem preocupação com as contas no final do mês. Atrás de conforto, os brasileiros da classe A (com renda acima de R$ 10 mil) moram em casas de milhões de reais, fogem do trânsito caótico em helicópteros de luxo e terceirizam os cuidados com a casa – dos serviços pessoais ao orçamento doméstico.

É dessa forma que vivem as classes A e B – que em 2014 devem ser 16% da população (cerca de 31 milhões de pessoas), o dobro do que eram em 2003.

No mercado de imóveis de luxo isso é bem claro. No ano passado foram vendidos 36 imóveis de altíssimo padrão – parece pouco, mas os valores envolvidos em cada transação variam entre R$ 2 milhões e R$ 17 milhões. Neste ano, só até maio, foram negociados 31 imóveis, e os valores também subiram, variando entre R$ 3 milhões e R$ 20 milhões.

Segundo a Imóvel A, corretora especializada em imóveis de luxo, apartamentos novos de alto padrão já são negociados bem acima dos R$ 10 mil por metro quadrado, desde o ano passado – e, dos imóveis negociados em 2009, 75% foram casas e 25%, apartamentos.

Na avaliação da empresa, o aumento da demanda reflete o crescimento da classe A e também da estabilidade da economia brasileira atualmente.

Para José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado), o mercado de imóveis de luxo não sofre muita variação, porque está sempre aquecido. Segundo ele, quanto melhor a situação econômica do país, melhor fica a desse mercado.

A oferta de recursos para financiamento também ajuda esse segmento, destaca Viana; muitas vezes, diz, um negócio deixava de ser feito “porque o comprador não queria retirar recursos de sua empresa, por exemplo”.

Mas um negócio com um imóvel de R$ 10 milhões é feito normalmente em oito ou dez parcelas, com uma entrada, e nunca em mais de 24 vezes, diz Viana.

O mercado é aquecido, diz ele, porque são negócios raros – não é muito comum a venda de uma mansão desse valor – e os clientes em potencial, além de poucos, em geral se conhecem, e uma mansão à venda no Morumbi (região nobre da capital paulista) fica “famosa rapidamente”.

Os negócios nesse segmento são feitos, inclusive, de certa forma, “à moda antiga”, diz Viana: basta a palavra dada, há pouca papelada envolvida e vale a confidencialidade – um corretor que “vaze” uma informação assim acaba desacreditado permanentemente no mercado.