Corumbá: Programa vai tratar jovens com dependência química

Uma proposta pioneira na região Centro-Oeste foi lançada na noite desta quinta-feira, 17 de junho, em Corumbá. Com o “Projeto Habilitar”, o município prepara uma rede para trabalhar a recuperação e reinserção de crianças e adolescentes com dependência química. Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) um levantamento realizado em 2004 com estudantes dos ensinos Fundamenta…

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Uma proposta pioneira na região Centro-Oeste foi lançada na noite desta quinta-feira, 17 de junho, em Corumbá. Com o “Projeto Habilitar”, o município prepara uma rede para trabalhar a recuperação e reinserção de crianças e adolescentes com dependência química.

Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) um levantamento realizado em 2004 com estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, da rede pública, sobre o consumo de drogas psicotrópicas, apontou contato cada vez mais cedo com o universo da drogadição. Já são comuns os casos em que o primeiro contato aconteceu aos 10 anos.

O “Projeto Habilitar” é um centro de atenção integral a crianças e adolescentes com transtornos por uso de substâncias psicoativas, que atuará – segundo o decreto 793 do Executivo Municipal, datado de 08 de junho de 2010 – na disponibilização de atendimento médico; psicológico e social especializado; de terapia ocupacional, individual ou em grupo, em sistema ambulatorial.

O lançamento coincide com a Semana Nacional Antidrogas, que vai de 19 a 26 de junho. As ações para a reinserção social e familiar serão trabalhadas por equipes multidisciplinares compostas por: psiquiatra; pediatra/clínico; psicólogo; enfermeiro; pedagogo; técnico de Enfermagem; assistente social; terapeuta familiar; terapeuta ocupacional; arteterapeuta; educador físico; educador social e oficineiros.

A sede do programa, na rua Delamare 272, foi completamente adaptada pela Prefeitura de Corumbá para o atendimento. A adequação seguiu normas técnicas previstas em lei. O imóvel conta com espaços específicos para as atividades cotidianas dos pacientes – como educação física; arteterapia e oficinas profissionalizantes, além de consultórios para tratamento medicamentoso da intoxicação aguda e abstinência a drogas.

Cidadãos de bem

“Vai ser uma experiência inovadora. Estamos trazendo profissionais que conhecem e militam na área para nos orientar. Conversando com o Poder Judiciário, com a UFMS, enfim, com vários segmentos que podem contribuir para o sucesso desse novo espaço. Temos uma expectativa muito favorável. (…) O desafio está lançado e eles querem muito colaborar para que tenhamos sucesso, assim como o CAPS ad hoje já é um sucesso no que se refere à faixa adulta”, disse o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira.

“Planejamos um espaço, que vai dar possibilidade para que se reabilitem e tenham oportunidades para que no futuro sejam cidadãos de bem”, complementou o chefe do Executivo corumbaense. O protocolo de intenções para elaboração de projetos visando a implantação, em Corumbá, de um Centro de Recuperação da Dependência Química da Criança e do Adolescente foi assinado no encerramento do “Primeiro seminário sobre abuso e dependência de drogas entre crianças e adolescentes – desafios e perspectivas”, realizado no final de setembro do ano passado, no Centro de Convenções.

“Habilitar” vai trabalhar plano individual de tratamento familiar

A proposta de trabalho do “Habilitar” prevê a triagem como primeira etapa do atendimento e acolhida à criança e ao adolescente dependente químico. Essa triagem nada mais é do que a avaliação global do paciente para a posterior elaboração de um plano de atuação individualizado – para cada criança – que poderá incluir desde a participação apenas em oficinas, atividades esportivas e orientações preventivas gerais, até o encaminhamento para tratamento específico dos casos identificados.

Depois da triagem é que o paciente entrará na fase do atendimento com as atividades multidisciplinares. As ações contarão sempre com a presença de responsáveis legais para garantir a efetividade da reinserção familiar. Para a avaliação e identificação de casos serão deitas entrevistas com profissionais de especialidades diferentes e aplicados instrumentos diagnósticos para coleta padronizada de dados, abordando diversos aspectos do desenvolvimento infantil, incluindo as condições de saúde atuais e desempenho escolar.

Cada caso

O plano de tratamento individual atenderá, portanto, às necessidades de cada família. Podem ser incluídas, por exemplo, atividades como psicoterapia individual; terapia e orientação familiar; consultas psiquiátricas; reforço pedagógico; grupos de orientação para temas gerais da infância e adolescência – sexualidade, relacionamentos e violência. A frequência nas atividades dependerá da necessidade de cada caso.

Aqueles jovens que não necessitarem de nenhum tratamento específico participarão de oficinas e atividades esportivas. Todos os pacientes que necessitarem de medicamentos psiquiátricos e clínicos terão os remédios fornecidos pela rede básica de saúde. As crianças e adolescentes ficarão no Centro no turno em que não estiveram na escola.

Quem não estiver estudando terá recolocação escolar trabalhada. Inicialmente, explicou a coordenadora técnica do “Projeto Habilitar”, Nelma Dib, em uma primeira fase, serão triados os adolescentes encaminhados pelo Poder Judiciário e que não estejam em privação de liberdade. Em fases seguintes serão triados os jovens encaminhados pelas unidades de saúde; Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e escolas.

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