O colegiado de diretores do Banco Central (BC) que compõem o Comitê de Política Monetária (Copom) realiza amanhã (26) e depois (27) a primeira das oito reuniões programadas para este ano, com vistas a definir a taxa básica de juros, também chamada de taxa Selic porque é o indicador que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Instituído em junho de 1996, o Copom tem o objetivo de estabelecer as diretrizes de política monetária e de definir a taxa de juros, nos mesmos moldes do Federal Open Market Committee (Fomc) do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) que, por coincidência, também se reúne desta vez nos mesmos dias para avaliar a manutenção dos juros norte-americanos entre 0% e 0,25%.

Aqui também a expectativa dos analistas financeiros é de que a taxa Selic seja mantida. Só que em um patamar bem mais alto, de 8,75% ao ano, como vigora desde julho do ano passado. Trata-se, porém, do nível mais baixo de juros da história do Copom. Lá, como aqui, as atenções maiores são em relação às notas emitidas depois das reuniões e às atas, que podem emitir sinalizações de futuras alterações na política monetária.

Interessa aos investidores saber quando a Selic começará a ser alterada. É voz quase unânime entre os analistas pesquisados pelo BC, todas as sextas-feiras, que a taxa de juros necessitará de elevações ao longo de 2010 para controlar a inflação, que começou o ano acima das expectativas. Eles estimam aumento da taxa para 11,25% até dezembro, de acordo com o boletim Focus divulgado hoje pelo BC.

A grande interrogação é quanto ao momento mais adequado para se iniciar o aperto monetário, o que não deve ocorrer pelo menos nas duas primeiras reuniões do ano – a segunda será nos dias 16 e 17 de março. Isso porque, de acordo com sinalizações anteriores do Copom, a taxa de 8,75% é consistente com o cenário de inflação controlada, como está atualmente, além de contribuir para a retomada não inflacionária da atividade produtiva.

A pesquisa Focus do BC é feita com uma centena de analistas do mercado e de instituições financeiras, e a maioria deles acredita que o momento mais adequado para a retomada das altas será no segundo trimestre do ano; mais precisamente na reunião dos dias 27 e 28 de abril, como apostam os economistas-chefes dos bancos Fibra e Schahin, Maristella Ansanelli e Sílvio Campos Neto, respectivamente.

A reunião do Copom é dividida em duas sessões. Na primeira, amanhã, os chefes de departamento do BC e o gerente-executivo de Relações com Investidores apresentam análises da conjuntura doméstica como inflação, nível de atividade, evolução dos agregados monetários, finanças públicas, mercado de câmbio, reservas e avaliação prospectiva das tendências de inflação e variáveis macroeconômicas.

Da segunda sessão, quarta-feira, participam só o presidente e diretores do BC, todos com direito a voto, além do chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), sem voto. Os diretores de Política Monetária e de Política Econômica analisam as projeções para a inflação e fazem recomendações para a taxa de juros de curto prazo, em seguida todos os diretores se manifestam e apresentam eventuais propostas alternativas.