O despacho das térmicas para poupar os reservatórios das hidrelétricas está impulsionando o consumo de gás natural no Brasil. Segundo os dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a demanda total pelo insumo em julho deste ano frente à igual mês de 2009 cresceu 31,7%, para 48,67 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d).

Na comparação com junho de 2010, houve uma ligeira queda de 2,08%. Excluída a venda de gás para geração elétrica, as distribuidoras apuraram alta de 9,6% no consumo no mercado não térmico (residências, comércio, indústrias, automotivo, entre outros) na comparação entre julho de 2009 e igual mês de 2010, para 37,74 milhões de m³/d.

Os dados de julho da Abegás consolidam a recuperação no mercado brasileiro, cuja demanda por gás está próxima dos volumes verificados no período pré-crise, em 2008, da ordem de 50 milhões de m³/d. Embora grande parte desse crescimento seja em razão do maior despacho das térmicas. De acordo com as informações, o consumo de gás pelas termelétricas saltou 432,37% entre julho de 2009 e igual mês de 2010, passando de 2,52 milhões de m³/d para 10,92 milhões de m³/d. A tendência é que esse volume cresça ao longo dos próximos meses, uma vez que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) intensificou o despacho das térmicas a gás para reforçar a segurança do sistema.

Adicionalmente, as informações apuradas pelas concessionárias também demonstram que o crescimento da atividade econômica tem influenciado positivamente a demanda pelo insumo. Prova disso é que as vendas de gás para o segmento industrial cresceram 13,23% no período, para 27,06 milhões de m³/d. O segmento de cogeração (que também inclui algumas indústrias) apresentou alta de 8,5% no consumo de gás natural, alcançando 3,05 milhões de m³/d.

As concessionárias de gás também registram crescimento nos mercados de pequeno volume. No segmento residencial, o consumo aumentou 9,7% no período, para 952,8 mil de m³/d. Na classe comercial, as vendas expandiram 5,9%, para 647,5 mil m³/d. Ponto negativo nesse intervalo de comparação foi a nova queda na demanda de gás natural veicular (GNV). No período, as vendas recuaram 4,66%, para 5,30 milhões de m³/d, refletindo a menor competitividade do GNV frente ao etanol.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), com base em dados da Abegás, a Comgás (SP) segue na liderança do ranking das distribuidoras estaduais de gás canalizado, com vendas totais de 13,09 milhões de m³/d. Em segundo lugar está a CEG (RJ), que comercializou 7,91 milhões de m³/d em julho de 2010. Em seguida vem a CEG-Rio (RJ), com 5,91 milhões de m³/d, a Bahiagás, com 3,96 milhões de m³/d, e a Copergás (PE), com 3,12 milhões de m³/d.

Hoje, o MME também divulgou o seu boletim com dados sobre o mercado de gás brasileiro em julho deste ano. O ministério oferece também dados sobre oferta. Segundo boletim, a oferta total líquida de gás natural foi de 61,98 milhões dem³/d, sendo 28,02 milhões de m³/d de gás nacional e 33,96 milhões de m³/d – do volume importado, 28,4 milhões de m³/d vieram da Bolívia e 6,53 milhões de m³/d foram comprados via gás natural liquefeito (GNL).

O MME ainda informou que o preço vigente do gás boliviano é de US$ 7,49/MMBTU no Sul e no Sudeste, e de US$ 8,49/MMBTU no Centro-Oeste. Em julho, o valor do gás nacional era de US$ 10,2630/MMBTU no Nordeste e de US$ 9,9830/MMBTU no Sul – os preços do insumo nacional foram alterados em agosto passado pela Petrobrás.