Suposto esquema veio à tona após coronel Ivan dizer que Plaenge ‘doa’ apartamento a autoridades em troca da permissão para construir prédios aos arredores de nascentes de córregos

O Conselho Municipal do Meio Ambiente vai convidar o deputado estadual Ivan Almeida, conhecido como coronel Ivan, do PRTB e o MPE (Ministério Público Estadual) a propósito das denúncias do parlamentar feitas em entrevista ao programa Transnotícias, da Rádio Transamérica, na última quarta-feira. Ivan declarou que a construtora Palenge teria presenteado autoridades com apartamentos para aprovar os projetos que permitiram a construção de condomínios aos arredores de nascentes de córregos, fazendo referência as torres erguidas pela construta em frente ao shopping Campo Grande. A audiência solicitada pelo conselho ocorre em fevereiro.

O parlamentar declarou ainda na entrevista à rádio que não possui provas documentais sobre a acusação. “Mas as investigações são para isso. Basta que o Ministério Público Estadual haja com seriedade e procure saber do que estou afirmando aqui, que tenho certeza de que ele vai encontrar alguma coisa, porque naquela ali (sic) era proibido construir apartamentos”, emendou o parlamentar. O deputado comparou a liberação do empreendimento com a fiscalização sobre chacareiros na Chácara das Mansões, região norte da Capital. “Como é que a Plaenge consegue construir tantas torres em duas nascentes de rios, quando lá atrás da Uniderp tem nascentes de rios e os chacareiros são multados?”.

A reportagem do Midiamax tenta conversar com o deputado desde a tarde de quarta-feira, logo após a entrevista dele ter ido ao ar na Transamérica. Na manhã desta quinta-feira, a assessoria do parlamentar avisou que ele não ia conversar com a imprensa, e que isso só seria possível a partir da próxima terça-feira.

Cratera também

Em sua edição de ontem, o jornal O Estado de MS transcreve trechos da entrevista nos quais o deputado insiua de que a cratera aberta na Rua Ceará tem relação com a construção das torres. Para Ivan, as obras e o asfalto da região podem ter colaborado com a impermeabilização do solo, fragilizando-o. O parlamentar defende que o MPE também apure essa acusação e, caso a Plaenge seja responsabilizada pelos danos causados à via, que arque com os custos de reparo, algo em torno de R$ 2 milhões, segundo cálculo presumido da prefeitura.

“Teria que haver investigação e ver se a Plaenge é responsável por aquilo, para que ela pudesse pagar, e não o povo como tem acontecido”, afirmou Ivan. O deputado ainda disse que, dentro do residencial, há uma nascente que foi separada dos prédios por um muro.

Ao Midiamax, o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, do PMDB, disse que gostaria que o deputado lhe mostrasse provas da denúncia, daí “tomaria providências”.

A empresa

O Estado de MS publicou nota recebida da Plaenge onde a empresa nega as acusações. Segundo o jornal a construra diz que “toda a documentação relativa à obra foi aprovada pelos órgãos competentes”. A empresa também afirma que “em qualquer momento beneficiou autoridades públicas em vantagens próprias, repudiando qualquer alegação nesse sentido, resguardando seu direito de ressarcir-se pelos prejuízos experimentados em decorrência dessas leviandades levantadas”.

Por fim, alega que desconhece a existência de investigações para apurar os fatos relatados pelo deputado, mas que, sendo oficialmente informada, apresentará alegações e defesa.

Nota da Plaenge:

A Plaenge vem a público informar que em todos os seus empreendimentos, incluindo, mas não se limitando, ao Condomínio Jardins do Jatobá, todas as normas legais são rigorosamente observadas, sendo essa a conduta sempre observada pela empresa, reconhecida por vários anos de atividade no Estado de Mato Grosso do Sul, em que sempre primou pela qualidade de seus empreendimentos e lisura em sua atuação, seja para com os clientes, seja para a com a sociedade de modo geral.

Desconhece irregularidades no empreendimento Condomínio Jardins do Jatobá, sendo que inclusive toda a documentação relativa à obra foi aprovada pelos órgãos competentes.

Em qualquer momento beneficiou autoridades públicas em vantagens próprias, repudiando qualquer alegação nesse sentido, resguardando seu direito de ressarcir-se pelos prejuízos experimentados em decorrência dessas leviandades levantadas.

Informa ainda que não tem conhecimento de qualquer procedimento investigativo para apuração dos fatos, bem como de que quando oficialmente informada apresentará as alegações e a defesa que lhe competem”.