No início da madrugada de hoje (29), o recém formado Conselho de Segurança da reserva indígena do Jaguapirú, em Dourados, sob o comando do capitão Vilmar Machado e do vice Leomar Mariano, enfrentou pela primeira vez um grupo de jovens aparentemente embriagados e principalmente drogados.

No episódio segundo apurou a reportagem dois dos 16 integrantes do Conselho de Segurança que estavam na operação saíram feridos, um deles lesionado em um dos braços e o outro com um profundo corte provocado por facão de corte de cana na cabeça, altura do supercílio esquerdo, que resultou em dez pontos após ele ser socorrido no Hospital da Vida.

Em contato com a reportagem, o vice-capitão Leomar Mariano disse que por volta da 1 hora da madrugada, o grupo de jovens teria armado uma emboscada para os integrantes do Conselho de

Segurança no momento em que eles estavam se dirigindo para checarem uma denúncia de que em uma casa nas proximidades da Missão Caiuás o som estava muito alto na casa de uma mulher de nome “Elza” e de que o local seria um ponto de vendas de bebidas alcoólicas e principalmente de drogas.

No trajeto, o grupo liderado pelo capitão Vilmar Machado abordou Alexandre Vogarim, com passagem pela polícia, e ao dar uma revista pessoal, eles vieram a encontrar certa quantidade de maconha.

O CONFRONTO

Ao apreender a droga, o capitão orientou Alexandre Vogarim a comparecer na manhã de hoje no posto da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Jaguapiru para prestar declarações sobre a origem da droga, em seguida o liberou devido o pouco conteúdo da droga, que segundo o rapaz, seria para o seu consumo.

Livre dos integrantes do Conselho de Segurança, Alexandre Vogarim deixou o local e correu em direção a casa de “Elza” e alertou os jovens que lá estavam, da presença dos integrantes do Conselho de Segurança na região.

Irritados com a presença do grupo liderado pelo capitão Vilmar Machado, os jovens em sua maioria embriagados e drogados, foram de encontro do Conselho de Segurança para um enfrentamento.

No confronto, o Conselho de Segurança teve de retroceder, uma vez que estava em menor número, e dois deles, sendo eles, Nelson da Silva Benites, teve fratura no braço direito enquanto seu companheiro dele, Luis da Silva sofreu um profundo golpe na altura da testa, que lhe rendeu dez pontos no pronto-socorro da cidade, após ser atingido com um facão de corte de cana de açúcar.

O fato foi registrado na manhã de hoje no 1ºDP (Distrito Policial) pelas lideranças enquanto o suposto pivô do confronto entre os jovens e o Conselho de Segurança, Alexandre Vogarim continua foragido da reserva indígena.

PF NÃO APÓIA

Questionado ao vice-capitão se eles haviam acionados a PF (Polícia Federal), ele contou à reportagem que mantiveram contato com a delegacia, no entanto não tiveram apoio do órgão. “Ele (o atendente de plantão) pediu para que pedíssemos apoio a Polícia Militar. Ligamos para a PM, porém ela disse que somente entraria na nossa reserva se tivessem ordem da Polícia Federal ou do Ministério Público Federal. Quero dizer que ao pedirmos apoio à polícia, um empurrou o problema para o outro” disse Leomar Mariano, acrescentando que as operações não vão parar, mais que da próxima vez estarão em maior número de pessoas no serviço de fiscalização no interior da reserva.

BALANÇO

Desde a criação do Conselho de Segurança que é coordenado pelo indígena Zoroastro Almirão, já foram apreendidos 185 armas brancas, frascos e garrafas de bebidas alcoólicas, porções de maconha, e vários donos de casas que estavam com seu som alto foram obrigados a abaixarem os volumes. Nas operações, alguns aparelhos de som foram apreendidos e três pessoas brancas foram expulsas da reserva após serem flagradas em uma estrada vicinal no interior de um carro.

Na oportunidade elas disseram que estavam na reserva à procura de uma “amiga”, no entanto, as lideranças acreditam que eles estariam levando ou a procura de drogas na reserva.

Armas tipo facões de corte de cana, facas tipo peixeiras, machado, machetinhas, cajados, entre outras foram apreendidas nas investida do Conselho de Segurança que atualmente está sendo presidida por Zoroastro Almirão.

À medida visa resgatar a tranqüilidade da comunidade devido à ausência dos organismos policiais tanto do Estado como da União na reserva, está sendo tomada por determinação do novo capitão da aldeia Jaguapirú, Vilmar Martins Machado e de seu vice Leomar Mariano, que assumiram o cargo no dia três último.

O capitão e seu vice se elegeram com ampla margem de votos com a promessa de buscar dentro do possível, o resgate do valor da família indígena, bem como combater os ilícitos que estaria colocando a comunidade com sendo uma das que teria o mais alto índice de violência de Mato Grosso do Sul. “A ordem do capitão é para que todos aqueles que estiveram perambulando pela aldeia que forem abordados pelos integrantes do Conselho de Segurança, quer seja ele índio ou branco, sejam checados. Os brancos serão expulsos da reserva e os índios orientados para que sigam para as suas casas. Aqueles que estiverem perturbando o sossego com som alto também serão punidos com as apreensões dos seus aparelhos”, disse um dos integrantes do Conselho de Segurança à reportagem na manhã de hoje, lembrando que os trabalhos terão prosseguimentos nos próximos dias, mesmo que para isso ocorra o risco de um novo enfretamento como o do início da madrugada de hoje.